Quase metade (46,1%) dos cursos superiores do Paraná avaliados e que receberam conceito no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), aplicado em 2006, apresenta resultados razoáveis. O Conceito Enade categoriza as graduações com notas, numa escala de 1 a 5 (do mais baixo ao mais alto possível), e leva em consideração o desempenho de ingressantes e concluintes.
Mas a leitura pode ser mais otimista, se for considerado um outro conceito estabelecido pelo Ministério da Educação (MEC): o Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD), que busca determinar quanto de conhecimento os cursos agregam aos alunos. No conceito IDD, 38,1% dos cursos do Paraná obtiveram notas 4 e 5.
O resultado do Enade 2006 foi divulgado anteontem pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) e colocou sete cursos do Paraná entre os 45 do país que receberam as notas mais altas nesses dois conceitos (Enade e IDD). A realidade do Paraná é parecida com a do resto do país, onde 49,2% dos cursos receberam conceito Enade 3 (considerado razoável ou "na média") e 31% notas 4 e 5, no IDD. O Enade veio para substituir o antigo Provão a avaliação é realizada por amostragem e em etapas. Em 2006, o MEC concluiu a primeira fase do exame em todo o país, mas avaliou apenas 15 áreas do conhecimento.
Outra análise também pode ser feita com os resultados do Enade 2006 no Paraná. Curiosamente alguns cursos de instituições que são consideradas modelos de ensino aparecem com médias baixas na avaliação. Para classificar os resultados, a reportagem considerou as cinco maiores e menores notas de acordo com a média geral dos alunos que concluíram a graduação em 2006, disponibilizados no site do Inep.
Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), por exemplo, os cursos de Biblioteconomia, Direi to, Jornalismo, Música, Publicidade e Propaganda, e Relações Públicas estão entre os que obtiveram as notas mais baixas. Já na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), os três cursos que ficaram bem abaixo da média são Direito, Psicologia e Secretariado Executivo.
Os responsáveis pela UFPR e a PUCPR dizem que o maior problema em relação ao Enade ainda diz respeito aos boicotes dos alunos. Para a coordenadora do Núcleo de Ensino de Graduação da UFPR, Neusa Moro, apenas o curso de Biblioteconomia tem uma explicação específica. "Este curso não existe mais com este nome, hoje é Gestão da Informação. Fato que revolta os alunos que precisam fazer uma prova que não considera o curso de maneira correta", explica.
Alunos de Comunicação e Direito da UFPR têm posição contrária ao Enade. O coordenador do curso de Direito da UFPR, Edson Isfer, ressalta que no ano passado existia um movimento político contra o Enade liderado pelos alunos. "Não há conexão em relação ao Enade e ao que acontece na faculdade." O diretor de Marketing da PUCPR, Hudson José, também afirma que o boicote é generalizado.
Já para o consultor educacional Carlos Monteiro, que atua numa empresa especializada em estudos para instituições de ensino superior, o boicote é desculpa de mau pagador. "Mostra que o eixo da qualidade está deslizando dos grandes centros tradicionais e começa a avançar para outros cursos, outros tipos de organização. É reflexo da expansão do ensino superior no país", diz.
Serviço: Consulte todos os resultados do Enade 2006 no site do Inep