Metade dos homens tem HPV, diz estudo

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São Paulo - Cerca de 50% dos homens que participaram de um estudo estavam infectados com o papilomavírus humano (HPV, na sigla em inglês). O trabalho, publicado na revista científica The Lancet, analisou voluntários saudáveis de três países: Brasil, México e Estados Unidos. O resultado surpreendeu os especialistas, pois revelou uma prevalência muito maior que a encontrada em estudos semelhantes com mulheres, quando o porcentual de infecção pelo vírus não ultrapassa 20%.

Em homens e mulheres, o HPV pode causar câncer, embora, a evolução de displasias (quadro pré­­vio ao tumor) seja mais comum nas mulheres. O contágio ocorre principalmente por via sexual, mas, ao contrário do vírus HIV, o uso de preservativo não é tão eficaz.

O estudo analisou 1.159 homens com idades entre 18 e 70 anos. Todos estavam saudáveis ao ingressar no estudo, diz a pesquisadora e coautora do artigo, Luisa Villa. "A maioria das pessoas pensa que HPV é um vírus associado predominantemente às mulheres. Esse estudo revela que os homens são os principais infectados", afirma José Eduardo Levi, do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo.

Nem todos os tipos de HPV estão associados ao câncer. Contudo, a pesquisa mostrou que 30% dos homens estavam infectados com esse tipo do vírus. "Desco­brimos uma forte correlação entre a incidência da doença e o número de parceiros", recorda Luisa. Homens que tiveram mais de 50 parceiras apresentaram uma chance 2,4 vezes maior de contrair a doença quando comparados a homens com uma ou nenhuma parceira sexual. Homens que realizaram sexo anal com outros homens mais de três vezes também apresentaram uma incidência da doença 2,6 vezes maior.

O câncer de colo de útero é o segundo mais comum entre as mulheres, com 468 mil novos casos todos os anos no mundo. A pesquisa revela o papel dos homens na epidemia pelo HPV. Luisa afirma que não é possível desprezar os casos de câncer de pênis, de ânus e de orofaringe causados pelo vírus nos homens. Em outro artigo do The Lancet, Joseph Monsonego, do Instituto do Útero, em Paris, defende a vacinação dehomens contra o HPV.