Ambulância do Serviço Móvel de Urgência: agilidade no atendimento de uma emergência é crucial para evitar sequelas e até mesmo a morte do paciente| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Estado modelo

Na Bahia, 77% da população é atendida

Quando o assunto é Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, a Bahia é um dos estados que mais se destaca. Não poderia ser diferente. O secretário estadual da Saúde, Jorge Solla, foi um dos criadores do programa no tempo em que atuava como secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, entre janeiro de 2003 e julho de 2005. Lá, 77,5% da população do estado pode contar com o Samu caso aconteça algum incidente.

Ledivia Espinheira, diretora de Atenção Especializada da Bahia, conta que a discussão sobre a construção de uma rede integrada de emergência começou há anos, logo após o lançamento do programa, em 2004. "Nosso estado, realmente, saiu na frente", diz.

Para atingir este grau de cobertura populacional, explica Ledivia, o estado tomou o papel de protagonista. "Nós assumimos a coordenação e demos todo o apoio institucional possível para os municípios interessados em implantar o Samu. Para agilizar o processo de atendimento às exigências do Ministério da Saúde, criamos um grupo técnico que assume esse papel para as prefeituras", conta.

Em relação à contrapartida dos municípios, a diretora revela que muitas prefeituras baianas tiveram dificuldades num primeiro momento. "A solução foi ratear os custos entre várias cidades e aumentar o repasse do estado para o munícipio", explica. Atualmente a Bahia tem 18 centrais de regulação do Samu que atendem 58 cidades. (GA)

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Governo mapeia rede de atendimento

O Samu, sozinho, não resolve nenhum problema de saúde. Por isso, de acordo com o diretor de Políticas de Urgência e Emergência da Secretaria de Estado da Saúde, Vinícius Fi­­lipak, para o serviço funcionar plenamente é necessário estruturar uma rede eficiente de atendimento, com hospitais, pronto-atendimentos, ambulâncias, médicos e profissionais qualificados.

No Paraná, conta Filipak, o governo já começou a mapear todos os equipamentos disponíveis em todas as regiões do estado. "Temos uma rede com insuficiências em determinados locais do estado. Nós precisamos deste mapeamento para verificar a existência dos serviços médicos, o que existe de fato, o que funciona de verdade", revela.

Em outubro, com o resultado do mapeamento, o trabalho de articulação da rede de urgência e emergência do Paraná sai do papel. "Esperamos terminar o desenho da rede de urgência para habilitá-la no Ministério da Saúde, o que significa mais recursos", diz. Entre os planos do governo está a recuperação e ampliação dos hospitais através do HospSUS – programa para ampliar a capacidade de atendimento.

Central de regulação

Em todo o estado, afirma o diretor, existem 12 regiões de urgência e emergência. A ideia é que exista uma central de regulação médica do Samu com hospital e pronto-socorro em cada uma delas, aumentando a cobertura de urgência para 100%. Com as centrais de regulação, os socorristas trabalham na organização da estrutura disponível em cada região. Quando uma ambulância é enviada para o atendimento, os profissionais de saúde já sabem para onde levarão o paciente. É o fim da peregrinação à procura de um leito, com a ambulância buscando um local para deixar o paciente.

Filipak citou o caso de um jovem no Rio de Janeiro, que no início da semana, com traumatismo craniano, percorreu 88 quilômetros de ambulância, passou por cinco hospitais, até conseguir ser atendido. "Isso não pode acontecer em uma rede de saúde organizada e coordenada", diz.

Sobre a questão financeira, o diretor conta que a intenção é incentivar os municípios de uma determinada região a dividir os custos. "Os custos serão diluídos", explica. A intenção do governo é que até 2014, quanto termina a atual gestão, a rede de urgência do estado esteja totalmente estruturada. (GA)

Cerca de 54% da população paranaense não é atendida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o Samu. Apenas 15 das 399 cidades do estado se habilitaram para participar do programa do governo federal, lançado em 2004. A baixa adesão faz do Paraná o sexto estado que menos recebe recursos per capita do Ministério da Saúde para o Samu. Neste ano, até agora, foram R$ 9,2 milhões para uma população de 10,5 milhões. Segundo a Associação dos Municípios do Paraná (AMP), as prefeituras alegam não ter receita para implantar o serviço.

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O Samu é uma peça da Política Na­cional de Urgência e Emer­gência, lançada em 2003, com o objetivo de estruturar e organizar toda a rede deste segmento no país. Para participar, o município precisa estar interessado. O programa prevê o financiamento do governo federal (50%) e contrapartidas do estado (25%) e do município (25%). No entanto, mesmo que a União conceda as ambulâncias e os recursos mensais, o município precisa contratar médicos, enfermeiros e montar uma Central de Regulação, com atendentes. O que na prática aumenta o valor da contrapartida.

O presidente da AMP, o prefeito de Piraquara, Gabriel Jorge Samaha, o "Gabão", reclama que os valores repassados são insuficientes. Mas, ressalta, isso não significa que os prefeitos não querem implantar o programa. "Todos reconhecem a importância do Samu. Mas os recursos são mínimos", reclama. Segundo ele, a municipalização da saúde cria muitas limitações para as prefeituras, principalmente as pequenas, que não contam com grandes receitas de tributos como IPTU e ISS, e do Fundo de Participação dos Municípios.

Risco

A principal consequência da baixa adesão ao Samu no Paraná é a falta de um sistema de resposta rápido e eficiente de emergência. Uma temeridade para um estado que ocupa o 5.º lugar em número de mortes por acidentes de trânsito e o 6.º por homicídios. Apenas no ano passado, 8 mil paranaenses morreram em decorrência da violência.

Na definição do próprio Ministério da Saúde, ao discar 192 (o telefone do Samu), a equipe presta atendimento no menor tempo possível já no local da ocorrência, salvando vidas e diminuindo sequelas. O programa direciona ainda para o serviço hospitalar mais próximo e adequado, diminuindo o tempo de resposta à emergência, o que é crucial.

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De acordo com o neurocirurgião e socorrista do Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate) Samir Ale Bark, o atendimento feito por um Samu ou Siate é muito diferente do que os feitos por ambulâncias normais. "O nome diz tudo ‘atendimento móvel de urgência’. É como se fosse um tentáculo móvel do hospital chegando até o paciente, em casa, na empresa, dentro de um restaurante", diz. Na opinião dele, uma ambulância por município faria diferença.

O diretor da 2.a Regional de Saúde do Paraná, Matheos Chomatas, afirma que os municípios que não tem Samu não dispõem de atendimento móvel qualificado. "Um transporte adequado, que pode minimizar os prejuízos para o cidadão. No caso de um acidente, um atendimento e transporte não qualificados podem dobrar os riscos", explica. Chomatas foi ex-diretor do Sistema de Urgências e Emer­gências da Secretaria de Saúde de Curitiba.

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