Metalúrgica ocupava parte dos 35 mil metros quadrados do galpão que está em processo de aquisição pela prefeitura de Ponta Grossa| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Instituto tem outros 62 barracões

O Instituto Brasileiro do Café (IBC) comandou a política cafeeira de 1952 a 1989, quando foi extinto, deixando como espólio uma grande infraestrutura. Em todo o estado do Paraná existem 63 galpões, "herdados" pela Secretaria de Patrimônio da União (SPU). "A função do Patrimônio é dar bom uso aos imóveis", indica o superintendente substituto da SPU, Luciano Sabatke Diz. "Todos estão sendo usados, das mais diferentes formas. Alguns são usados por prefeituras, creches, até estocagem de grãos", afirma. O maior deles fica no Norte, na cidade de Arapongas, onde as instalações são usadas por uma incubadora de empresas moveleiras.

Três barracões no estado foram transferidos para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em troca de um imóvel em Brasília. Os outros dois ficam em Rolândia, onde há estocagem de feijão, café e cestas básicas, e Paranaguá, usado para armazenamento de açúcar para exportação – ambos são coordenados pela Conab. Já o de Ponta Grossa foi cedido em comodato em 2003. Segundo o superintendente da Conab no estado, Lafaete Jacomel, para o processo de compra pela prefeitura ser concluído, a aquisição precisa ser aprovada pela diretoria do órgão, em Brasília.

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Ponta Grossa - Uma empresa metalúrgica que funcionava irregularmente desde 2004 no que restou dos antigos barracões do Instituto Brasileiro do Café (IBC), em Ponta Grossa, foi lacrada e notificada para deixar o local na manhã de ontem. A área anteriormente usada para armazenagem de grãos faz parte do patrimônio da Com­panhia Nacional do Abas­­te­cimento (Conab), foi cedida em comodato para a prefeitura em 2003 e está em processo de compra pelo município. Três famílias que moravam na área também terão de sair.

A desocupação, feita por 15 homens da Guarda Municipal, foi pacífica e deixou na expectativa 30 trabalhadores da Ronda Metalúrgica, que ocupava parte da área de 35 mil metros quadrados. "Foi o nosso presente de Natal. O trabalho e o salário estão em dia, mas agora não sabemos o que vai acontecer com a gente", lamenta o gerente de projetos Lauro Lopes. Ele afirmou que nada foi comunicado a eles pelos diretores da empresa. Segundo a prefeitura, foram feitas duas notificações extrajudiciais para que os moradores e a empresa se retirassem do local – a primeira, em março deste ano.

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Três famílias ocupavam as casas que fazem parte da estrutura. Os 15 moradores terão agora um prazo de dois dias para se retirar. "Tomara que depois de tirarem a gente daqui façam alguma coisa útil. Porque antes estava tudo abandonado, não tinha nem porta. Nós arrumamos tudo", diz Raquel Alves, que ocupava uma das casas sob permissão da empresa. A preocupação dos moradores, na manhã de ontem, era encontrar um novo lugar para viver. "Só dois dias é muito pouco. Não avisaram nada para a gente, chegaram e disseram que simplesmente não podemos ficar", reclama.

Segundo o secretário de In­­dústria e Comércio, João Luiz Kovaleski, a disputa judicial para retirar a empresa já durava cinco anos. A alegação do em­­presário é a de que havia um contrato verbal firmado com a prefeitura para que a empresa pudesse se instalar no local. A secretaria pretende usar os galpões como entreposto de alimentos para o Mercado da Família – que repassa produtos a preços abaixo do mercado para famílias carentes – e também para estocar merenda escolar, móveis e os veículos apreendidos pela Guarda Municipal. Atualmente, estes órgãos usam barracões locados.

Também deverão dividir a área uma escola de marcenaria para o Arranjo Produtivo Local de móveis e uma fábrica de roupas de jeans. O custo para melhorias ainda não foi estimado. "Tí­­nhamos de resolver o problema judicial. Agora vamos analisar com o Planejamento de quanto precisaremos para as reformas", afirma Kovaleski.