Os impactos sócioeconômicos e ambientais causados pelo metrô de Curitiba não devem ser profundos, mas exigem planejamento especial das obras para diminuir transtornos na implantação. Essa é a síntese da apresentação da bióloga Gisele Cristina Sessegolo, coordenadora do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) do metrô, em audiência pública realizada na terça-feira. Entre as preocupações durante as obras, estão o gerenciamento de resíduos sólidos, a geração de ruídos e de poeira e o rearranjo do trânsito e do transporte coletivo. Não há definição, mas o prazo para execução de obras deve durar cerca de quatro anos.
Conforme Gisele, o fato de o trajeto seguir a canaleta diminui os impactos ambientais e nenhuma área de parque será afetada apenas será necessário retirar árvores do local onde será instalado o pátio de manobras, no CIC-Sul. Como compensação, Curitiba vai investir R$ 69 milhões na conservação dos parques atuais ou na criação de novas áreas verdes. As escavações também demandam preocupações de arqueologia, pois a prospecção indica a possibilidade de existência de artefatos antigos.
Entre os impactos socioeconômicos, estão a criação de 2,1 mil empregos diretos, que podem injetar até R$ 55 milhões na economia. Onde estão as canaletas de ônibus, deve ser criado um parque linear com um calçadão e ciclovias. "Esses dois aspectos foram identificados como medidas positivas, pois há melhoria de paisagem e criação de empregos", diz Gisele.
Aproximadamente 200 pessoas, entre profissionais, estudantes e representantes de entidades ligadas à área de mobilidade urbana estiveram na audiência realizada no Centro de Capacitação da Secretaria Municipal da Educação. A audiência pública é a última etapa para a prefeitura de Curitiba garantir a licença prévia para a instalação do metrô. "A audiência faz parte do licenciamento, informando os impactos e as medidas mitigadoras", diz Marilza Dias, secretária nunicipal do Meio Ambiente.
Opiniões
Membro da Sociedad Peatonal (ong que trabalha com temas de mobilidade urbana), André Caon Lima considera que as respostas às dúvidas levantadas na audiência não foram satisfatórias."Percebo dificuldade em oferecer definições mais concretas", afirma. Rosana Gnipper, da Associação Ambientalista Ecoforça, tem opinião semelhante. "A apresentação não convenceu. Não me pareceu audiência para ouvir a sociedade."
O gerente de projetos de uma empresa interessada em investir no metrô, Leo Hacidume, avalia que ainda é preciso esclarecer qual será a participação da iniciativa privada no processo. "Sabemos que, entre os candidatos do PAC, o de Curitiba está mais avançado. Gostaríamos de ter mais detalhada a participação de empresas."
Segundo a prefeitura, os questionamentos poderão resultar em mudanças, melhorias ou reorganização do projeto. "Essa é a oportunidade de a sociedade apresentar propostas, que, se forem pertinentes, serão levadas em consideração", afirma Clever Almeida, presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), que também defendeu aspectos técnicos do metrô.
Colaborou Heliberton Cesca