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O possível primeiro trecho do metrô de Curitiba, ligando o Terminal do Pinheirinho ao Centro, passando por baixo da atual canaleta de biarticulados, teria 9 quilômetros de extensão e custaria pelo menos US$ 360 milhões (cerca de R$ 780 milhões). Esse deve ser o investimento mínimo necessário para implantar o sistema de metrô que hoje conta com a simpatia dos técnicos da prefeitura: uma linha situada a 7 metros de profundidade e com traçado igual ao das canaletas. Esse modelo de construção tem um custo entre US$ 40 milhões e US$ 50 milhões por quilômetro – metade do investimento necessário para se fazer um metrô convencional, cujas escavações podem chegar a 50 metros de profundidade.

Diante desses números, parece evidente qual projeto de metrô deve ser escolhido para a cidade. Mas nesta terça-feira, durante o segundo e último dia do seminário "Curitiba nos Trilhos", promovido pela prefeitura e pelo Ministério das Cidades, surgiram vozes dissonantes. As obras do metrô "mais barato" exigiriam a interrupção das avenidas e atrapalhariam o trânsito por um longo tempo (talvez mais de um ano), alertou Wilson Ribeiro, representante da Alstom, empresa do ramo metroviário. Já no sistema de metrô convencional, as escavações, devido à profundidade maior, não atrapalhariam o cotidiano da cidade.

Os debates dos especialistas no encerramento do seminário, aliás, mostraram que qualquer decisão sobre o futuro metrô de Curitiba não deve ser feita sem muita discussão. O presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba (Ippuc), Luís Henrique Fragomeni, disse estar ciente das várias questões delicadas em jogo e de que o seminário foi justamente o início de um amplo debate sobre o metrô curitibano, que deve levar dez anos para ser implantado.

O modo de financiar a obra dominou boa parte das discussões. Os empréstimos internacionais parecem ser a principal alternativa para levantar recursos. O chefe da área de transporte urbano do Banco Mundial no Brasil, Jorge Rebelo, afirmou que sua instituição tem recursos para financiar o projeto do metrô curitibano, mas apontou as parcerias público-privadas como outra opção.

Na prefeitura, porém, existe a convicção de que qualquer projeto de metrô exigirá necessariamente a ajuda da União e do governo estadual para bancar a obra. Durante o seminário, o secretário nacional de transportes do Ministério das Cidades, José Carlos Xavier, demonstrou que o governo federal está disposto a ajudar Curitiba.

O consultor na área de transportes Plínio Assman, da consultoria Trends, de São Paulo, porém, mostrou-se pessimista com relação à probabilidade de haver recursos federais significativos para investir em infra-estrutura nos próximos anos, caso a União continue considerando esse tipo de investimento como despesa para fins de cálculo do superávit primário. Assman disse que a sociedade precisa debater alternativas e sugeriu a criação de um fundo nacional para financiar projetos que venham a poupar petróleo. Segundo ele, o petróleo economizado com a construção de metrôs em todo o país, por meio da retirada de carros das ruas, acaba sendo exportado pela Petrobrás. Para Assman, esse dinheiro da exportação deveria capitalizar o fundo.

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