Curitiba
O BRT do eixo norte-sul de Curitiba transporta atualmente 18 mil passageiros/hora no sentido sul e nove mil no sentido norte. O edital do metrô projeta uma demanda diária de 40 mil passageiros/hora nos dois sentidos.
Economia
Segundo Thomaz DAgostini Aquino, diretor de transportes da Thales no Brasil, o CBTC gera uma economia de 15% graças à recuperação de energia (compensação entre desaceleração e aceleração) na tração dos trens.
Curitiba
Edital do metrô obriga que trens não tenham condutores
O edital do metrô de Curitiba, atualmente suspenso por uma decisão do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR), prevê que o consórcio vencedor da licitação entregue um sistema de sinalização automatizado para que os trens circulem sem condutor.
Apesar de o documento deixar em aberto a tecnologia de sinalização que será empregada (pode de ser bloco fixo ou móvel), técnicos da prefeitura de Curitiba trabalham com a possibilidade de o consórcio vencedor optar pelo modelo móvel, o mesmo usado em Vancouver. Essa tem sido a tecnologia empregada nas linhas de metrô mais recentes do país.
Além disso, modernizar uma linha já em funcionamento é mais caro e demorado.
Discussão
Assim como em Curitiba, a necessidade de construir linhas de metrô também é uma discussão sem fim em Toronto.
Segundo Andy Byford, C.E.O da Toronto Transit Commission, o assunto foi tema constante nas últimas eleições municipais e o BRT curitibano foi apontado como solução intermodal para a cidade canadense.
Se o imbróglio em torno do metrô de Curitiba for desfeito e o projeto sair do papel, uma coisa é certa: o sistema será projetado para que os trens circulem sem condutores. A tecnologia vem sendo empregada nos novos projetos brasileiros, como a Linha 4-Amarela de São Paulo e o metrô de Salvador, e existe em Vancouver, no Canadá, há quase 30 anos.
A condução automatizada CBTC (Controle de Trens Baseado em Comunicação, na sigla em inglês) , permite reduzir o intervalo entre trens em até 90 segundos.
INFOGRÁFICO: Veja como funciona o sistema do metrô sem condutores
VÍDEO: Acompanhe uma viagem no metrô sem condutor do Canadá
Com uma população um pouco menor que a da Região Metropolitana de Curitiba, a Grande Vancouver já tem 70 km de linhas de metrô instaladas. O sistema, conhecido como SkyTrain, começou a circular em dezembro de 1985 já sem condutores.
Para o usuário, o principal benefício da tecnologia é a redução do tempo de espera nas plataformas. Isso porque o sistema de blocos virtuais permite que os trens circulem a intervalos mais curtos. São blocos virtuais de segurança que se movem com o carro, permitindo uma distância segura entre as composições menor do que a mínima permitida no sistema normal.
Segundo Mike Richard, vice-presidente de operações da BCRTC (British Columbia Rapid Transit Company), o sistema é bem avaliado. "Não há registros de acidentes ou incidentes graves. Nossas três linhas já o utilizam e vamos mantê-lo nas próximas." O metrô de Vancouver ganhará mais uma linha em 2016.
A ausência do operador não é sentida pelo passageiro. Aliás, o metrô de Vancouver quase não conta com funcionários nas estações. Apenas seguranças circulam pelas plataformas. Todo o sistema de venda de bilhetes é automatizado. A operação dos trens ocorre no Centro de Controle, onde sete funcionários trabalham por turno.
O intervalo atual entre trens em Vancouver é de 108 segundos, mas uma atualização do sistema está sendo realizada para que eles trafeguem com intervalos de 90 segundos. Assim como o projeto do metrô de Curitiba, a velocidade máxima dos carros de lá de 80 km/h.
Independentemente de o metrô ter demanda para exigir intervalos tão curtos, o importante, segundo especialistas, é o projeto englobar a possibilidade de redução desses intervalos para suprir demandas futuras sem necessitar de novos grandes investimentos. Calcula-se que a tecnologia consuma cerca de 5% do valor global de um projeto de metrô. Em Curitiba, a construção da Linha de 17,6 km está orçada em R$ 4,6 bilhões.
Toronto
O metrô de Toronto, por exemplo, ainda não tem um sistema totalmente automatizado. Mas a Toronto Transit Commission, estatal que administra o sistema, está investindo R$ 1 bilhão para implantar CBTCs ATO em duas das quatro linhas, reduzindo o intervalo entre trens de 140 segundos para 105 segundos, o que só ocorrerá em 2020. Essa mesma dificuldade pode ser observada em São Paulo, onde o governo pagou, em 2008, R$ 750 milhões a Alston para implantar o sistema em três linhas e, até o momento, só a Linha 2-Verde opera com a tecnologia e só nos fins de semana.
Simples, porém eficiente
Os carros e trens que servem ao transporte público de Vancouver e Toronto são simples, se comparados aos novos modelos empregados nas linhas de metrô de São Paulo ou até mesmo ao Hibribus curitibano. Mas os sistemas são mais confortáveis e eficientes por uma simples diferença: o passageiro espera pouco. Isso vale para o metrô, mas também para os ônibus e até para os bondes elétricos que circulam por Toronto.
Nesta cidade, onde a espera média é de 140 segundos, entrar às 18h45 na estação Dundas a mais próxima do local conhecido como Mini Times Square e encontrar assentos livres em diversos vagões é comum. O metrô local conta com 69 estações e a Dundas é uma das 30 paradas da Yonge-University-Spadina Line, a mais movimentada da cidade.
Nos ônibus, vale o mesmo raciocínio. Apesar de circularem modelos antigos nas duas cidades, os horários são cumpridos à risca. E o que é tabu por aqui, lá é rotina. Todos os modais permitem que o ciclista embarque com sua bicicleta.
Outro tabu para os brasileiros, o subsídio público para equilibrar as contas é visto com naturalidade pelos gestores dos sistemas. Em Toronto, 70% dos custos são bancados com o valor tarifa (CA$ 3 por pessoa) e 30% vêm de subsídios. Não há grande discussão sobre o assunto porque o transporte público utilizado atualmente por 65% da população é visto como a saída para os congestionamentos da cidade.
O ponto negativo para Toronto é a integração. Apenas três estações do metrô têm integração com a rede de ônibus: a St Clair, a Spadina e a Downsview. O pagamento da tarifa, inclusive, ainda é realizado com moedas. A operadora do sistema planeja implantar sistema de cartões até 2017. Já em Vancouver, o sistema é parecido com o de São Paulo. A integração temporal ocorre entre todos os modais, por 1h30, e por um custo de CA$ 2,75.
*O jornalista viajou a convite da Thales, fornecedora do sistema CBTC de Vancouver.
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