Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Transporte

Metrô encolhe. De novo

Veja que estudos básicos do metrô modificaram a ideia original do projeto |
Veja que estudos básicos do metrô modificaram a ideia original do projeto (Foto: )

O projeto do metrô curitibano será cortado. De novo. A proposta é uma tentativa de incluir a obra no recém-lançado Plano de Ace­­le­­ração do Crescimento 2 (PAC 2) do governo federal. De acordo com o projeto básico, os 22 quilômetros do projeto sairiam por R$ 3,5 bi­­lhões – R$ 1,5 bilhão a mais do que o estimado inicialmente. Com isso, ontem, numa nova rodada de negociação entre o prefeito Luci­­a­­no Ducci e o ministro do Plane­ja­mento, Paulo Bernardo, decidiu-se que Curitiba vai pedir que apenas 13 quilômetros do metrô, entre o CIC e a Praça Eufrásio Correia, sejam incluídos no PAC 2, ao custo de R$ 2 bilhões. O governo federal arcaria então com 80% do valor da obra com recursos a fundo perdido (sem a necessidade de o município ter de pagar depois) e a prefeitura se responsabilizaria pelo restante.

"Essa é a parte que cabe no PAC 2", definiu Ducci. Prefeito e ministro fizeram questão de frisar que o martelo ainda não foi batido, mas que há otimismo em relação à proposta. "A aprovação depende ainda de uma conversa com os outros ministros, com o presidente Lula e com outras capitais que também almejam recursos do governo federal para a construção de metrô", explicou Bernardo.

Se tudo correr dentro do esperado, segundo o ministro, a expectativa é incluir no orçamento recursos para iniciar a obra em Curitiba em 2011. O primeiro trecho poderia ser concluído, então, em quatro anos. "Em termos de en­­ge­­nharia deve levar quatro anos, mas vai de­­pender da equação fi­­nan­­ceira de de­­sembolso", avaliou o presidente do Instituto de Pes­­qui­­sa e Plane­­ja­­mento Urbano de Curi­­ti­­ba (Ippuc), Cléver Teixeira de Almeida.

A nova rodada de negociações acontece depois de a obra, considerada prioridade pelo governo mu­­ni­­cipal, ter sido cortada do PAC da Copa. Em dezembro, o então prefeito Beto Richa rejeitou a oferta do governo federal pa­­ra parte da obra, já que os recursos não viriam a fundo perdido. A tática era tentar a inclusão do projeto completo no PAC 2. O anúncio do PAC 2, porém, veio sem a definição do que estaria exatamente no pa­­cote. Desde então, Curitiba e cidades como Porto Alegre e Belo Ho­­rizonte passaram a disputar os R$ 18 bilhões destinados à mobilidade.

Foi durante este período que o projeto básico do metrô curitibano caminhou e percebeu-se que a obra completa de 22 quilômetros, entre o CIC e o Santa Cândida, custaria R$ 3,5 bilhões. De acordo com Almeida, os estudos revelaram in­­ter­­ferências no subsolo e a necessidade de rampas bastante inclinadas, o que inviabilizou, em parte do projeto, o uso do sistema "cut and cover" (veja infográfico). Ao optar pelo sistema de túnel, a obra encareceu.

Na reunião de ontem, além de dividir a obra em três fases, definiu-se também que Curitiba assumirá a responsabilidade de gerenciar o me­­trô, num sistema de integração com os ônibus e com uma tarifa úni­­ca. "Isso é inédito", declarou Ducci. De acordo com Almeida, o co­­mum é que o governo do estado ou federal assumam o gerenciamento do metrô. Se­­gundo ele, o ge­­renciamento ficará sob a responsabilidade da prefeitura, mas poderá ser delegado à iniciativa privada por meio de uma parceria público-privada ou de uma concessão. De acordo com a prefeitura, caso estivesse pronto hoje, a tarifa do metrô seria a mesma dos ônibus: R$ 2,20.

"Amadorismo"

O professor do Departamento de Transportes da Universidade Fe­­de­­ral do Paraná Eduardo Ratton acha que a obra não sairá por menos de R$ 5 bilhões e deve le­­var cerca de dez anos para ser concluída. "Eles não têm ideia da intervenção. Fal­­ta experiência e há muito amadorismo. Fazer o metrô em quatro anos é coisa de louco", opina. De acordo com Ratton, para que a operação se pague é necessário que a passagem custe cerca de R$ 8 ou que seja subsidiada.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.