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Antes do crack eu usei muita maconha, anfetamina e glicose na veia, desde os 15 anos. Aos 30 passei a usar cocaína. Experimentei o crack em 1997, com 35 anos, e larguei o resto. Uma pessoa me apresentou e me explicou como fazia. No começo eu mesmo fabricava, em casa, para fumar. Para você ter a mesma sensação que o crack dá na primeira fumada precisa cheirar várias carreiras de cocaína, que é mais cara.

Nos anos seguintes, entre 1998 e 1999, já comecei a achar para vender em algumas favelas. Era mais difícil de comprar do que agora. Hoje, em qualquer esquina você consegue. Principalmente no Centro, à noite. Se quiser de dia, é só ir na favela.

Foi com o crack que perdi a família (era casado e teve um filho com síndrome de Down, hoje com 23 anos). Só não perdi o trabalho porque tinha me acidentado de moto sob o efeito da droga. Tive traumatismo craniano e nesse período de recuperação fui interditado. Fiquei aqui na clínica [Nova Esperança] por um ano e seis meses – o período mais longo que já fiquei sem usar nada. Hoje sou aposentado e declarado incapaz. Nunca roubei ou assaltei, mas me afundei em dívidas. Comecei a prejudicar a minha família com a cocaína. Depois, pelo crack, fiz mais empréstimos. São uns R$ 60 mil de dívidas. Não tenho casa, carro, roupas, nada. Moro em uma pensão, sozinho, e como fiado.

Fui internado umas 15 vezes, mas sempre forçado. Nunca quis parar de usar. Essa é primeira vez que me trato por vontade própria. Vim pra cá porque não conseguia ficar mais de um dia sem usar a pedra. Quero parar. Meu corpo não suporta mais.

* Nome fictício

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