Professores e outros funcionários da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro, que entraram em greve no dia 8 de agosto, fizeram nesta quarta-feira um protesto na Zona Sul da cidade para pedir reajuste salarial e a reserva de ao menos um terço da carga horária para atividades extracurriculares, entre outras reivindicações.

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De acordo com dados divulgados pelo Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (SEPE-RJ), que convocou o ato, 10 mil profissionais compareceram às ruas, embora a polícia tenha confirmado a presença de 6 mil manifestantes.

Depois de uma assembleia no Largo do Machado, os manifestantes saíram em passeata até o Palácio da Cidade, uma das sedes da prefeitura, no bairro de Botafogo. O trânsito ficou complicado na região e algumas ruas tiveram que ser interditadas. O comércio também chegou a fechar, mas não foram registrados atos de vandalismo nem confrontos com a polícia.

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Segundo a estagiária de educação Isabelle da Costa, de 23 anos, o ato de hoje foi significativo por ter sido o maior de profissionais da área no Rio em quase duas décadas.

"Nós viemos lutar pelos nossos direitos. Há 19 anos que não havia uma mobilização desse tipo, e esse é um marco histórico para a educação", disse Isabelle, que participou do protesto junto com a mãe, Irailde Costa, que é merendeira da rede municipal de ensino.

"Pela primeira vez acreditamos nessas manifestações, agora o povo ganhou força e voz", afirmou Irailde, que também se mostrou bastante insatisfeita com a administração da educação municipal durante o mandato de Eduardo Paes.

A professora de ensino fundamental Luiza Tavares disse à Agência Efe que a paralisação, assim como o protesto, têm como objetivo pressionar a prefeitura, e que a intenção era que os professores fossem recebidos por Paes hoje para debater suas reivindicações, o que não aconteceu.

Entre as exigências estão 19% de aumento salarial, plano de carreira, fim dos abonos por mérito, a garantia de um terço da carga horária para atividades extracurriculares e concurso público para professores e funcionários administrativos.

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"Resolvi protestar por causa das condições de trabalho e salário. Todos os problemas já são bem conhecidos. Esse governo já está há quatro anos no poder e a educação só piorou. Não sei nem como vou pagar minhas contas esse mês, mas não posso me acovardar", contou à Efe o professor de geografia David Vieira.

Além desses pontos, questões mais simples de serem resolvidas também são reivindicadas pelos manifestantes, como ajustes no calendário de férias. A professora Fernanda Souza trabalha no município há 15 anos e não era a favor da greve no início, mas acha que o ensino precisa melhorar.

"Particularmente, não estou com aquele 'fora Paes' não. Acho que desde que ele escute as reivindicações e se abra ao diálogo, é possível melhorar", afirmou Fernanda, que acredita que o prefeito cederá diante do número de profissionais que aderiu à greve.

"A população está reivindicando uma educação melhor, e quem trabalha com as crianças somos nós, por isso também queremos essa qualidade e reconhecimento", disse à Efe a professora Vânia Patalano, que vê o ato de hoje foi um reflexo, ainda que tardio, da onda de manifestações que tomou conta do país desde junho.

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