Foz do Iguaçu A Polícia Federal desmontou ontem em Foz do Iguaçu, dentro da Operação Farrapos, o esquema de fornecimento de passaportes e vistos que tornou possível a permanência no Brasil, por cerca de três anos, do traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadía, 44 anos. Foram presos o suboficial da Aeronáutica Ângelo Reinaldo Fernandes Cassol e um policial federal aposentado.
Militar cedido à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Cassol comandava o escritório da Anac em Foz e foi apontado como sendo o fornecedor dos documentos pelo piloto de avião André Barcelos, ajudante e sócio de Abadía. A prisão temporária do suboficial foi decretada pela Justiça Federal de São Paulo e cumprida por policiais de Curitiba, chefiados pelo delegado Vagner Mesquita.
Cassol foi encontrado em casa, no centro de Foz, nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira. De lá, a PF o encaminhou até uma agência de turismo, de propriedade da mulher dele, também na área central. Ela foi ouvida e liberada. Os agentes também vistoriaram o escritório da Anac, no aeroporto internacional de Foz.
A empresa de turismo teria fornecido passagens para integrantes da quadrilha de Abadía. Segundo a Polícia Federal, a ramificação da organização em Foz era especializada em obter, além de passaportes falsos, carimbos de entrada e saída estes verdadeiros do Brasil, como forma de manter os estrangeiros por mais tempo no país.
O policial federal aposentado trabalhava no setor de imigração da Delegacia da Polícia Federal. Por meio de investigação, a polícia pretende apurar como ele atuava no esquema. Além das prisões, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão na casa e no local de trabalho dos suspeitos, que resultou na detenção de agendas, documentos e pelo menos um computador.
Segundo a PF, a organização não favoreceria apenas os membros da quadrilha do traficante colombiano, mas fornecia documentação para outros estrangeiros em situação irregular no Brasil.
Abadía foi preso pela PF dentro da primeira fase da Operação Farrapos, desencadeada em 7 de agosto. O traficante vivia em um condomínio de luxo na Grande São Paulo.
Considerado o sucessor de Pablo Escobar, ele era procurado pelo Departamento Americano de Combate a Drogas (DEA), por chefiar o Cartel Valle do Norte, o maior da Colômbia.