Liberdade - Três pessoas ligadas ao traficante deixam a prisão em São Paulo
Três pessoas ligadas ao megatraficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadía deixaram ontem de madrugada a sede da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, no bairro da Lapa, zona oeste, por causa do término do prazo de prisão temporária. Outras oito pessoas ligadas a Abadía continuam presas na carceragem da Polícia Federal.
Deixaram a sede da PF dois homens e uma mulher, além do advogado dos três. O grupo seguiu diretamente para Porto Alegre. A PF não quis confirmar, mas seriam um piloto, sua mulher e o filho deles, de 19 anos. O traficante, acusado de participação em 315 homicídios na Colômbia e nos Estados Unidos, teria começado a adquirir terras em Guaíba, região metropolitana de Porto Alegre, três anos atrás por intermédio deste piloto.
Ele, a mulher e o filho, que tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça, eram quem cuidavam da mansão, de 500 metros quadrados, em Guaíba, cujo valor foi estimado em R$ 1,5 milhão. A residência fica num sítio de 100 hectares, a 30 quilômetros do centro da cidade. Segundo o advogado, os três agora irão responder ao processo em liberdade.
Foz do Iguaçu A Polícia Federal desmontou ontem em Foz do Iguaçu, dentro da Operação Farrapos, o esquema de fornecimento de passaportes e vistos que tornou possível a permanência no Brasil, por cerca de três anos, do traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadía, 44 anos. Foram presos o suboficial da Aeronáutica Ângelo Reinaldo Fernandes Cassol e um policial federal aposentado.
Militar cedido à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Cassol comandava o escritório da Anac em Foz e foi apontado como sendo o fornecedor dos documentos pelo piloto de avião André Barcelos, ajudante e sócio de Abadía. A prisão temporária do suboficial foi decretada pela Justiça Federal de São Paulo e cumprida por policiais de Curitiba, chefiados pelo delegado Vagner Mesquita.
Cassol foi encontrado em casa, no centro de Foz, nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira. De lá, a PF o encaminhou até uma agência de turismo, de propriedade da mulher dele, também na área central. Ela foi ouvida e liberada. Os agentes também vistoriaram o escritório da Anac, no aeroporto internacional de Foz.
A empresa de turismo teria fornecido passagens para integrantes da quadrilha de Abadía. Segundo a Polícia Federal, a ramificação da organização em Foz era especializada em obter, além de passaportes falsos, carimbos de entrada e saída estes verdadeiros do Brasil, como forma de manter os estrangeiros por mais tempo no país.
O policial federal aposentado trabalhava no setor de imigração da Delegacia da Polícia Federal. Por meio de investigação, a polícia pretende apurar como ele atuava no esquema. Além das prisões, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão na casa e no local de trabalho dos suspeitos, que resultou na detenção de agendas, documentos e pelo menos um computador.
Segundo a PF, a organização não favoreceria apenas os membros da quadrilha do traficante colombiano, mas fornecia documentação para outros estrangeiros em situação irregular no Brasil.
Abadía foi preso pela PF dentro da primeira fase da Operação Farrapos, desencadeada em 7 de agosto. O traficante vivia em um condomínio de luxo na Grande São Paulo.
Considerado o sucessor de Pablo Escobar, ele era procurado pelo Departamento Americano de Combate a Drogas (DEA), por chefiar o Cartel Valle do Norte, o maior da Colômbia.
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