Brasília - Documentos do antigo Conselho de Segurança Nacional provam que a fabricação de uma bomba atômica brasileira passou pelos planos da ditadura militar. Em 4 de outubro de 1967, o então presidente Costa e Silva reuniu os ministros no Palácio do Planalto para discutir a redação da Política Nacional de Energia Nuclear. A sessão foi dominada por um só debate: incluir ou não no texto a expressão "para fins pacíficos", que impediria o Brasil de produzir o artefato.
Enquanto o Itamaraty temia a reação das potências estrangeiras, os generais pressionavam por um projeto que deixasse espaço à construção da bomba. A palavra bomba foi mencionada quatro vezes na reunião. Numa tentativa de encerrar a polêmica, Costa e Silva arriscou uma solução inusitada: "Não vamos chamar de bomba, vamos chamar de artefatos que possam explodir". A ata dá a entender que os ministros fingiram não ouvir a sugestão do marechal.
Apesar de agradar à linha dura do regime, a bandeira da bomba começou a ser empunhada por um ministro civil: Macedo Soares, da Indústria e Comércio. "Eu retiraria a palavra fins pacíficos (sic). Seria o mesmo se disséssemos que a fábrica Piquete é para fins pacíficos, porque o que ela produz, nitroglicerina, é um medicamento", afirmou. "Dizer que o Brasil um dia não fabricará algum armamento com energia nuclear é uma ilusão. Não será para os nossos dias, nós podemos não desejá-lo, mas poderá ser imperativo da segurança nacional".
O ministro do Exército, general Lyra Tavares, fez coro: "Concordo com o ministro Macedo Soares, que traduziu minhas ideias ao dizer que não devemos dar muita ênfase a finalidades pacíficas. Não devemos autolimitar o uso de energia nuclear".
Mais ponderado, o ministro de Minas e Energia, José Costa Cavalcanti, tentou convencer os colegas a encontrar um meio-termo. "O documento é secreto, mas quem o ler poderá deduzir que o Brasil está se preparando para a bomba. Talvez esse documento devesse ser mais genérico, sem especificar esse detalhe", recomendou.
Apesar dos apelos, o sonho da bomba foi adiado por intervenção do ministro das Relações Exteriores, Magalhães Pinto. Ele convenceu Costa e Silva ao lembrar que o Brasil era signatário do Tratado do México, que impedia o uso da tecnologia nuclear como arma de destruição em massa: "O tratado autoriza explosões para fins pacíficos, mas as proíbe, de maneira definitiva, para fins bélicos. Tenho a impressão, senhor presidente, que vamos sofrer uma pressão muito maior, porque aí vão duvidar das intenções do Brasil".
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