Três dias após grandes protestos culminarem em depredações, os governos de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná ainda não sabem quem são os responsáveis pelos atos violentos. Parte dos detidos em Belo Horizonte e Porto Alegre tem passagem pela polícia.
Organizadores dos protestos criticam a atuação das minorias violentas, mas alguns veem uma "reação" a agressões de policiais - em Belo Horizonte, o vice-presidente da Ubes (União dos Estudantes Secundaristas), Gladson Reis, 20, acusa a polícia de não agir diante dos ataques como estratégia para "criminalizar" o movimento.
Para o governo do Paraná, os ataques à sede da administração estadual tiveram "motivação política".
Em Curitiba, nove foram detidos - nenhum tem ficha criminal - e negaram as acusações. Quatro deles fotografavam a manifestação.
"A pergunta de todos era: "Cadê os verdadeiros vândalos que derrubaram os portões do palácio?"", disse o fotógrafo e servidor público Pedro Ribeiro Barboza, 29.Organizadores dos protestos em Curitiba chegaram a atribuir a ação a "um grupo de 10, 15 punks", mas depois recuaram e disseram que trabalham para identificar o grupo.
Atuação da polícia
Hoje a polícia do RS diz que não mudará sua estratégia de reagir à atuação dos manifestantes violentos, enquanto a polícia mineira afirma que a prioridade será garantir a segurança dos manifestantes que protestam pacificamente.
Em Porto Alegre, onde 45 manifestantes foram detidos na segunda, a polícia não divulgou quantos tinham antecedentes criminais. Segundo o comandante-geral Fábio Duarte Fernandes, os depredadores "não têm uma liderança e isso dificulta identificar quem são".
A cidade teve ônibus queimado e lojas depredadas.
Rafael Coelho, do Levante Popular da Juventude, disse que o grupo não participa de atos violentos, mas entende que há uma "reação" a agressões policiais. "As pessoas acabam se revoltando mesmo", disse.Já Nathália Bittencourt, coordenadora-geral do DCE da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, diz que a entidade não vê sentido na "violência gratuita" e que é possível que haja "infiltrados" na manifestação.
Um juiz de Porto Alegre determinou que quatro pessoas presas na manifestação de anteontem não compareçam aos próximos protestos na cidade. Na hora dos atos, eles devem ir a um batalhão da polícia, sob pena de voltar à prisão.
A medida, inspirada em punições a suspeitos de promover violência em estádios, já vale para hoje.
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