Operação muda rotina de Quedas do Iguaçu
A presença de tantos policiais mudou a rotina em Quedas do Iguaçu, que tem 30 mil habitantes, e deve provocar impactos econômicos na cidade. Boa parte do parque industrial era formado pelas serrarias e a maioria foi fechada. Pelo menos 200 empregos diretos devem ter sido afetados, calcula o prefeito Edson Prado (PP). Ele salienta que algumas madeireiras que estariam regulares permanecem abertas.
Mas Prado, conhecido como "Jacaré", acredita que as consequências da Operação Tolerância Zero podem ser boas para o município. "Espero que dê resultado. Que acabe valorizando o preço da madeira, que estava sendo negociada por valores muito abaixo do mercado", argumenta. Ele conta que a movimentação de madeira na cidade sempre foi intensa, mas que ficou muito mais evidente em 2009, depois que o Incra autorizou alguns cortes seletivos no assentamento para a abertura de estradas e passagem da rede de energia elétrica. "E foi aí que muitos se aproveitaram para aparecer com madeira", relata. (KB)
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Quedas do Iguaçu - O avanço do desmate é tão drástico e resta tão pouco de Mata Atlântica que é preciso intensificar as ações de repressão aos crimes ambientais, aos moldes do que é feito na Floresta Amazônica, afirmou ontem o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Ele acompanhou na manhã de ontem, em Quedas do Iguaçu, no Sudoeste do Paraná, ações da Operação Tolerância Zero, deflagrada na terça-feira pela Polícia Federal em parceria com a Polícia Militar, a Força Verde, o Ibama e o Incra. A operação reuniu aproximadamente 500 policiais, com foco em corte e venda ilegais de madeira no assentamento Celso Furtado. Foram cumpridos 15 mandados de prisão e 14 pessoas estão sendo procuradas. Foi apreendida araucária serrada e em toras suficiente para encher 200 caminhões. A ação se estende por 12 municípios das regiões Sudoeste e Oeste do estado e já interditou 35 madeireiras. Os valores das multas ainda não foram divulgados.
Minc lacrou, simbolicamente, a serra de uma grande madeireira de Quedas do Iguaçu. Só no pátio da serraria havia o equivalente à carga de 20 caminhões de toras de araucária sem documentação de origem. A empresa foi multada em R$ 167 mil. A investigação apontou que boa parte da madeira que circulava na região era retirada do assentamento Celso Furtado. Integrantes da quadrilha teriam coagido moradores a participar do comércio ilegal. "Esse caso é muito simbólico porque envolve violência, corrupção e crimes ambientais", destacou o ministro. "Estamos fazendo isso na Amazônia, que já diminui o ritmo de desmatamento, e não pode ser diferente na Mata Atlântica. A repressão será continuamente intensificada. E operações ocorrerão sempre que for necessário", enfatizou.
Havia assentados ligados ao desmate ilegal, pessoas que fingiam fazer parte de assentamentos para desmatar e gente que aproveitava a vastidão da área para tirar madeira clandestinamente. Evitando criticar assentados e sem-terra, Minc defendeu a compatibilidade entre assentamentos e desenvolvimento sustentável. "É possível o casamento entre ecologia e reforma agrária", acredita. O ministro assinou, junto com o Incra, um protocolo de intenções para recuperação ambiental em 49 projetos de assentamento da região.
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