Não é só com estádios que se faz o legado da Copa no Brasil. Um edital do Ministério da Cultura (MinC) selecionou 144 projetos em diversas áreas culturais para promover o intercâmbio entre as diferentes expressões brasileiras nas cidades-sede do evento. Curitiba foi contemplada com 15 bolsas, em valores que variam de R$ 60 mil a R$ 250 mil, e há mais dez projetos em uma lista de espera que podem totalizar um investimento de R$ 1,2 milhão.
Os projetos selecionados estão programados para ocorrer durante o período da Copa mesmo que as cidades deixem de receber jogos a partir das oitavas de final, como no caso de Curitiba. "O importante é que os turistas vão conhecer a cultura do Brasil de uma maneira diferente do que sempre se vê. É toda a diversidade cultural brasileira que está sendo mostrada nessa Copa e uma verdadeira democratização da cultura, já que todas as atrações são gratuitas", diz a chefe de serviço da Regional Sul do MinC, Leila Betim.
Em Curitiba, na área de Artes Visuais, o grafiteiro Michel Devis fez a curadoria do Mural Street of Styles Linha das Artes, um desmembramento do tradicional encontro Grafitti Street of Style, que reúne 100 mil pessoas. Ele propôs uma galeria a céu aberto nas pilastras do viaduto da Marechal Floriano sobre a Linha Verde que contou com a arte de 35 grafiteiros. "Já tínhamos um projeto de revitalizar espaços urbanos, e fizemos a arte entre o dia 10 e o dia 15 desse mês [junho]."
Já na categoria de música, por exemplo, o Trio Quintina foi contemplado para o seu espetáculo "Cyrk", que mistura música e performances lúdicas. "É um espetáculo muito caro, e temos ele desde 2010. Montamos sempre que conseguimos algum financiamento desse tipo", explica Gabriel Schwartz, um dos integrantes. O Trio apresenta "Cyrk" em Belo Horizonte nos dias 4, 5 e 6 de julho, em cinco apresentações no Galpão Cine Horto. Outros projetos contemplados incluem um áudio guia em aplicativo de celular para turismo pedestre no Centro de Curitiba e um curso de doces alemães a ser ministrado em Salvador.
Dinheiro
A totalidade dos recursos ainda não chegou aos artistas selecionados em Curitiba. Isso ocorre porque o edital permite um adiantamento de apenas 30% do valor dos projetos e o restante só é liberado um tempo depois da prestação de contas. Essas regras fez com que boa parte dos artistas corresse atrás de outros meios para viabilizar os projetos inteiros. "Tivemos de pedir um empréstimo e buscar apoio para a obra, que custou R$ 100 mil no total", explica Devis. De acordo com Leila Betim, o valor é liberado em até 30 dias após o envio de relatório com a prestação de contas. "São as regras do edital, e todos já estavam cientes disso antes de se inscrever."
