Os olhos de Erick Schwert Dourada, de 12 anos, expressam a concentração com a qual ele realiza as atividades, com lápis e papel em mãos. A sala de aula, no entanto, não fica em uma escola, mas em um hospital. Em seis anos, o menino enfrenta sua segunda batalha contra a leucemia. Nos períodos de tratamento no Hospital Erasto Gaertner, ele mantém a continuidade na escolarização por meio do Programa Educação Hospitalar, que só neste ano já atendeu mais de 2,2 mil alunos do 1.º ao 5.º ano, em Curitiba. Fascinado por ciências, o rapaz sonha em ser médico pediatra. “Eu gosto de ciências, para entender o funcionamento do corpo humano. Quero ser médico para fazer uma homenagem aos médicos daqui”, disse.
A iniciativa é mantida pela prefeitura, por meio de convênio com os hospitais. Hoje, são 16 professores, divididos entre o Pequeno Príncipe, Hospital Clínicas (HC), Associação Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia (APCN) e o próprio Erasto. Além disso, outros dois hospitais têm demanda para aderir ao convênio. O serviço vai muito além do aspecto lúdico, de ocupar o paciente. O objetivo é mesmo que as crianças não tenham perdas escolares no período em que estão internadas.
“A gente tem um compromisso pedagógico. Ou seja, enquanto está internada ou em tratamento, a criança recebe atendimento para que não haja perda significativa na aprendizagem”, apontou Viviane Maito, mestre em educação e coordenadora do programa da prefeitura de Curitiba. “A intenção é de que a criança volte para a escola de origem ‘dez’”, completou a professora Mirta Pacheco.
Por isso, antes de iniciar o atendimento escolar dentro dos hospitais, os professores entram em contato com a escola de origem de cada paciente e recebem indicações do conteúdo que vinha sendo dado em sala de aula. Por isso, as aulas no hospital são personalizadas, de acordo com a demanda de cada estudante.
Mini-escolas levam aulas para jovens pacientes de hospitais
Programa de educação hospitalar garante que crianças internadas ou em tratamento ambulatorial estudem nos hospitais, garantindo continuidade da escolarização e minimizando perdas pedagógicas.
+ VÍDEOS“Todas as atividades desenvolvidas pelas crianças vão compor um portfólio, que é encaminhado à escola, juntamente com um relatório pedagógico. Cabe à escola fazer a avaliação”, explicou Viviane.
Como funciona
A educação hospitalar atende dois tipos de pacientes: os que estão internados e os que estão passando por acompanhamento ou tratamento ambulatorial. Em alguns casos, as aulas são ministradas no quarto da criança. “Elas tomam banho e já ficam esperando no quarto. Em geral, as crianças gostam muito de ir para a escola. Então, a gente é muito bem recebido. Para a gente, é muito gratificante saber que você está fazendo a diferença pra eles neste momento”, definiu Mirta Pacheco.