O Ministério da Saúde decidiu adotar a mesma linha de argumentação de Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, e promoveu uma campanha interna contra supostos termos racistas. As peças publicitárias distribuídas a servidores pelo Ministério da Saúde afirmam que expressões como “a coisa tá preta”, “denegrir”, “esclarecer”, “humor negro”, “cabelo ruim” e “não sou como tuas negas!” devem ser evitadas. As orientações foram divulgadas para comemorar o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro.
Pelos materiais, a expressão “humor negro” pode “embutir uma ideia preconceituosa, visto que associa algo fora do padrão de normalidade inclusive a pessoas negras”. O texto sugere substituir “humor negro” por “humor ácido”. “A coisa tá preta” seria uma forma de associar “a pessoa negra a coisas ruins”, e deve ser trocada por “a coisa está complicada” ou “o caso é complexo” ou ainda “a situação é difícil”.
“Esclarecer” seria racista por “transmitir a ideia de que a compreensão de algo ocorre sob a claridade, mantendo no campo da dúvida e do desconhecimento as coisas negras”. O texto sugere trocar o verbo por “explicar” ou “elucidar”.
Campanhas contra o suposto racismo na linguagem não são exclusividade do Poder Executivo. O Tribunal Superior Eleitoral também já instruiu seus servidores a não adotarem termos semelhantes. Em novembro de 2022, o órgão lançou uma cartilha intitulada “Expressões racistas: por que evitá-las”.
O Supremo Tribunal Federal começou a julgar uma ação contra o “racismo estrutural e institucional”. Caso a decisão seja favorável, órgãos públicos deverão priorizar pautas do movimento negro em suas gestões e destinar orçamento para a causa. O PT foi o responsável pela ação. Entre as solicitações do partido, até empresas privadas podem ser obrigadas a reconhecer e adotar medidas de enfretamento ao racismo institucional.
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