Brasília As conversas sobre o Ministério do próximo governo de Luiz Inácio Lula da Silva já começaram. Quando voltar do feriado na Bahia, para onde foi descansar, o presidente Lula vai começar a chamar os partidos para conversar. Primeiro, os aliados, com quem quer definir o espaço de cada um. Depois, a oposição, para conversar sobre uma agenda comum para o país. O Ministério deverá ser anunciado antes do Natal. "O presidente vai conduzir pessoalmente as negociações com os partidos políticos em busca da montagem de uma coalizão. O presidente não delegará a formação de seu Ministério", disse o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro.
O ministro afirma que Lula ainda não citou nomes nem fez nenhum convite para seu futuro Ministério. No entanto, nas conversas no Palácio do Planalto, uma coisa está definida: o presidente não quer aceitar apoios pela metade. "Numa visão de coalizão há uma relação de compromisso que é muito diferente do que ocorreu até agora. No compromisso dos partidos com o presidente e com o seu programa de governo, da instituição partido com a sua base parlamentar, que deve ser de apoio ao governo", explicou Tarso. A análise é dirigida especialmente ao PMDB, que já começou a cobrar espaço proporcional a seu tamanho no próximo governo Lula já que seus líderes acreditam que o presidente vai precisar do partido para garantir a governabilidade.
Mas, dentro do Planalto, a ambição do PMDB não é vista como algo tão natural. A avaliação é que o partido precisa garantir que irá, pelo menos na sua grande maioria, para a base governista. Hoje ainda dividido, o PMDB não consegue garantir que realmente será parte da base. E já começou a cobrar de Lula uma abertura nas negociações.
A relação, disse o ministro, será pessoal e melhor do que a no atual governo, em que Lula tinha dificuldades de participar ativamente nessa negociação com partidos e com o Congresso. "Um governo de coalizão, que valoriza a instituição partido, necessita dessa relação pessoal do presidente. É nesse período que estamos agora. É uma relação qualitativamente superior a anterior", disse.
Perguntado se gostaria de continuar como ministro, Tarso disse que não tem "apego a cargo nenhum". "Eu creio que nenhum ministro deve fazer cogitação a respeito de qual é o cargo que deve assumir, que pode assumir porque isso pode parecer ou ambição pessoal ou pressão. Acho que nenhum ministro deve manifestar isso", afirmou.
O próprio Tarso garantiu que não vai tratar da formação do Ministério. Ele deverá se concentrar totalmente na formulação de uma agenda comum com o Congresso. As prioridades do governo, informou o ministro, são a aprovação do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Básico (Fundeb), a lei geral das pequenas e micro empresas e a minirreforma tributária. "Mas não devem ser prioridades unilaterais. Por isso, estamos propondo uma agenda", explicou o ministro.