A ministra da Saúde, Nísia Trindade, participou nesta terça-feira (28) de uma audiência, na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados, para dar explicações sobre ações do Ministério e a obrigatoriedade da vacina da Covid-19, no Programa Nacional de Imunização (PNI), em crianças de 6 meses a 5 anos.
A deputada Bia Kicis (PL-DF), uma das autoras do requerimento da audiência, questionou a ministra sobre a eficácia e a efetividade da vacina nas crianças ao apresentar relatos de cientistas e médicos em debates que foram realizados pela comissão.
“Questionamos a terapia genica, porque essa vacina da Covid-19 precisa ser debatida. Nós não somos contra as vacinas, mas contra a obrigatoriedade desse imunizante que vem sendo apontado como terapia genica. O Ministério da Saúde tem que provar com dados a eficácia dessa vacina. Em outros países como Dinamarca, Reino Unido, Suíça nao se obriga vacina. E na Islândia acabaram de proibir qualquer tipo de vacina porque a ciência determinou. Onde estão os dados e quantas criancas morreram que tinham comorbidades?”, apontou a deputada Bia Kicis.
Ao responder as perguntas da deputada, a ministra disse que as “afirmações feitas pela deputada são mentirosas” e criticou as “mentiras infundadas” contra as vacinas. “Foram registradas 110 mortes de crianças com Covid-19, e foi em cima desses dados que decidimos colocar a vacina no calendário de vacinação. A vacinação é uma política nacional e tornou-se um tema politizado. Não podemos nos desviar do cerne maior da saúde que é proteger e salvar vidas, e é com essa orientação que incluímos essa obrigatoriedade da vacina”, disse a ministra.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) também foi criticado pela ministra ao apresentar dados de outros países que decidiram proibir a aplicação da vacina da Covid-19.
“É mentira que a vacina foi proibida na Islândia, como é mentira o que foi dito na Dinamarca, e por essa razão criamos o programa saúde consciência, cada mentira dita é esclarecida e a disseminação de mentiras será caracterizada como ato criminoso”, ressaltou a ministra.
“A ministra tratou com desdém as informações que apresentei sobre a vacina, e especialmente os efeitos adversos como miocardite e as mortes súbitas que aumentarem depois da vacinação. Os riscos são superiores aos benefícios”, criticou Bolsonaro.
Em relação a morte súbita, a ministra disse que não é possível se estabelecer essa relação. "Trata-se de uma hipótese científica e nao faz o menor sentido associar o aumento de morte súbita a vacina da Covid-19, assim como a redução da vitamina D, vitamina D nao é vacina, estamos falando de proteção por vacina. Querem lançar suspeita e desconfiança”, apontou a ministra.
A deputada Bia Kicis rebateu as acusações “mentirosas” feitas pela ministra, e informou que disponibilizará no site da comissão os artigos científicos que questionam a eficácia e as decisões de outros países. “Vamos duvidar e questionar, e não vamos admitir censura ou que nos chamem de criminosos, por questionarmos a necessidade dessa obrigatoriedade, porque há muitas dúvidas que precisam ser respondidas”, destacou a presidente da comissão.
Outros questionamentos
Na audiência, os parlamentares também questionaram a ministra sobre denúncias de irregularidades envolvendo contratos com empresas suspeitas, assim como a dispensa de licitação para fornecer 90 mil frascos de imunoglobina humana pelo valor de R$ 87 milhões, visto que não foram recebidas as unidades do medicamento.
A ministra negou qualquer “irregularidade” na compra da Imunoglobina. Segundo Nísia, o processo de compra foi iniciado no governo passado, após uma recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU). “Não identifico equívoco de datas e todas as informações são prestadas pelas secretarias estaduais e municipais sobre a saída do produto. Quero que houve entrega do produto e uma economia de R$ 343 milhões aos cofres públicos, por isso não houve irregularidade”, disse.
Nísia Trindade também se explicou sobre a dança erótica que foi realizada em um evento do Ministério da Saúde, no dia 6 de outubro. O evento custou quase R$ 1 milhão. “O caso da dança erótica já foi comumente respondida quanto a exoneração do diretor responsável e um pedido de desculpas - nada mais tenho a dizer sobre isso. Além disso, estabeleci uma curadoria de evento para evitarmos problemas dessa natureza”, explicou a ministra.
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