Ana Moser disse que pesquisas já estão sendo realizadas para a inclusão de trans no esporte| Foto: José Cruz/Agência Brasil
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A ministra do Esporte Ana Moser defendeu incluir atletas trans nas disputas como forma de inclusão. Ela disse que há uma forte discussão ideológica sobre o assunto e “muito barulho”, mas que é preciso ter cuidado para respeitar os direitos estabelecidos e acompanhar os “avanços que a ciência faz em torno do tema”. A afirmação foi feita em entrevista ao site Poder360.

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Apesar de a ministra não citar a inserção de atletas trans na modalidade feminina, é nessa categoria que desejam entrar. Porém, já é comprovado que homens biológicos têm uma estrutura mais forte do que as mulheres, mesmo após a tratamento "redesignação" sexual. O desenvolvimento sob influência de hormônios masculinos após a puberdade dá vantagens que dificilmente são perdidas com a transição hormonal feminilizante.

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A ministra, porém, afirmou haver parâmetros que estão sendo analisados e testados na prática, como tempo de transição e nível de hormônios. Com isso, Moser destacou que o presidente Lula (PT) deu a “missão” de transformar o esporte em um meio que dá atenção aos “mais necessitados”.

“Temos de tratar [pessoas transexuais] com todo respeito e condições de inclusão. Já avançamos muito nesses parâmetros com algumas experimentações, porque algumas federações têm mais liberdade em alguns lugares do mundo […] Temos que buscar dar o tratamento mais cidadão e civilizatório”, frisou.

Entretanto, essa forma de “inclusão” somente beneficia as mulheres trans (biologicamente do sexo masculino) a ganharem mais prêmios. A maior diferença entre uma mulher trans e uma atleta mulher é a quantidade de testosterona. Esse hormônio é 20 vezes mais alto no sangue dos meninos que no das meninas durante a puberdade, e 15 vezes mais alto em homens de qualquer idade comparados às mulheres de qualquer idade.

Além disso, meninos passam por uma “minipuberdade” entre um e seis meses de idade, dando-lhes vantagens desde pequenos. E essas diferenças hormonais e estruturais, dificilmente, se alteram com a transição hormonal feminilizante. Essa permanência dos hormônios masculinos em trans se vê, na prática, com atletas trans quebrando recordes nos esportes femininos e levando prêmios.  

Com isso, em 2020, atletas de mais de 30 países enviaram ao Comitê Olímpico Internacional um apelo para evitar a “destruição dos esportes femininos” e o que elas chamam de “flagrante discriminação contra as mulheres em razão do sexo biológico”. Em documento, elas pediram a suspensão das normas adotadas em 2015 que permitem as “mulheres trans” (pessoas do sexo biológico masculino) nas competições femininas.

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Quem é Ana Moser?

Ex-jogador de vôlei, ela é fundadora da ONG Instituto Esporte e Educação (IEE), criada em 2001 com objetivo de atender crianças e adolescentes com uma metodologia de esporte educacional, e de formar professores e estagiários. O órgão nasceu do projeto Ana Moser Sports, que visava a formação de atletas baseado no ensino de vôlei em escolas públicas e privadas.

Natural de Blumenau (SC), Ana Moser foi titular da seleção brasileira de vôlei na Olimpíada de Seul, com apenas 20 anos de idade. Participou também dos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, e quatro anos mais tarde conquistou o bronze em Atlanta. Ela também ajudou o Brasil a levar o ouro três vezes no extinto Grand Prix de Voleibol (1994, 1996 e 1998), e foi prata no Panamericano de Havana (1991). Ela não é filiada a partido político.