A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), disse em nota que formalizará na manhã desta quarta-feira, 17, o pedido de federalização dos crimes praticados contra a população em situação de rua de Goiânia. De acordo com a secretaria, em nove meses, 30 moradores de rua foram assassinados na capital. No entanto, o Ministério Público de Goiás trabalha com um número total de 29 inquéritos.O documento será entregue ao procurador-Geral da República, Roberto Gurgel.

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A ministra apresentará um levantamento realizado pela SDH das deficiências dos inquéritos da polícia e de circunstâncias relevantes não denunciadas ao Ministério Público para apresentar o pedido de deslocamento de competência dos casos para a esfera federal. Nessa terça-feira, 16, o procurador-geral de Justiça de Goiás, Lauro Machado Nogueira, afirmou que a proposta da secretária é incabível. Segundo ele, os casos de morte de moradores na cidade não configuram ação de grupo de extermínio.

Para o procurador a medida da Secretaria pressupõe a omissão por parte do Estado de Goiás, o que não seria verdade. Em nota publicada no site do Ministério Público de Goiás, Nogueira informou que as mortes ocorreram de maneiras diferentes. Ainda segundo o procurador, 13 suspeitos já estão presos, sendo que 11 deles é responsável por apenas um homicídio. Outros quatro mandados de prisão teriam sido expedidos o que, segundo o MP, significa que 17 casos já foram solucionados.

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Entenda o caso

Na madrugada de terça-feira (16), foi registrado o 29.º homicídio contra moradores de rua, quando um homem, ainda não identificado, acabou esfaqueado em uma calçada do Setor Coimbra, bairro de Goiânia. Um dia antes, outro sem-teto foi baleado e está em estado grave no Hospital de Urgências da cidade. Desde o início do ano, a capital goiana vive uma onda de violência contra moradores em situação de rua.

Mesmo tendo sido mortos na madrugada e enquanto dormiam nas calçadas, a polícia entende que ambos os casos têm relação com drogas. "São pessoas que moram nas ruas e usam drogas, principalmente o crack", disse ontem o delegado Murilo Polatti, da Delegacia de Investigações Homicídios (DIH). Segundo ele, 18 mortes estão relacionadas às disputas por drogas. Ele também descartou a ação de um grupo de extermínio.

As mortes, no entanto, ocorrem em série, e os moradores de rua estão sendo assassinados a tiros, facadas, pauladas e espancamento. "Não se trata de a Polícia Federal entrar ali para dar apoio ao Estado. Trata-se de verificarmos se em Goiânia nós temos no tecido do Estado o envolvimento de pessoas com o crime organizado", disse a ministra Maria do Rosário.

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