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O Ministro da Defesa Celso Amorim e o governador Beto Richa sobrevoaram ontem a região fronteiriça após um encontro com o comando da Operação Ágata 2 | Marcos Labanca/Gazeta do Povo
O Ministro da Defesa Celso Amorim e o governador Beto Richa sobrevoaram ontem a região fronteiriça após um encontro com o comando da Operação Ágata 2| Foto: Marcos Labanca/Gazeta do Povo

Polícia militar

Batalhão deve começar a agir ano que vem

O governador Beto Richa reforçou ontem que a decisão de instalar o Batalhão de Fronteira no município de Marechal Cândido Rondon, a 160 quilômetros de Foz do Iguaçu, foi técnica. O governador lembrou que alguns políticos queriam levar a corporação para seus respectivos municípios. "A decisão foi fruto de estudos e análises criteriosas da Secretária de Segurança Pública", diz.

Duas outras companhias serão criadas, uma em Guaíra e outra na cidade de Santo Antônio do Sudoeste. Cascavel receberá a sede regional da Polícia Militar. Na prática, o Batalhão deve começar a atuar em 2012. O governo pretende até o final do ano concluir os trâmites para contratação dos 500 policiais que integrarão o grupo.

Em Foz do Iguaçu o governo pretende implantar a primeira das cinco bases do Grupamento Aéreo (Graer) com helicópteros usados para ações de socorro e apoio às polícias.

Análise

Especialistas defendem ação contínua

Severo Augusto, coronel da reserva e ex-chefe do Estado Maior da Polícia Militar de Minas Gerais, reconhece os pontos positivos da operação na fronteira, mas diz que o maior problema é que, entre uma e outra, há sempre um intervalo: "As operações precisam ser contínuas e devem detectar a forma como os criminosos se adaptam às ações", diz ele. Augusto defende a criação de uma polícia de fronteira, e também que o exército tenha postos fixos e apoie permanentemente a polícia.

O professor e sociólogo da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR), Lindomar Bonetti, diz que ações periódicas não têm perfil de uma política de segurança pública. "Elas têm mais impacto político e sobre a opinião pública", diz.

Segundo o governo, a Operação Ágata 2 faz parte de um plano estratégico de fronteira. A Operação Ágata 1 foi realizada em agosto na Amazônia.

O Ministro da Defesa, Celso Amo­­rim, descartou ontem em Foz do Iguaçu a possibilidade de o Exér­ci­­to manter um patrulhamento contínuo nas fronteiras. Amorim esteve na cidade, ao lado do governador Beto Richa, para acompanhar a Operação Ágata 2, realizada em caráter temporário pelas Forças Ar­­madas em 3,5 mil quilômetros dos limites do Brasil com a Argen­­tina, Paraguai e Uruguai. Apesar de estancar o contrabando e tráfico de drogas, a ação é um paliativo: após a retirada das tropas, a criminalidade deve voltar a fluir pelos 170 quilômetros do Lago de Itaipu. O Ministro ressaltou os resultados positivos da ação iniciada no último dia 16 – que até ontem con­­tabilizava mais de 5,3 mil inspeções, 2 toneladas de maconha e 650 quilos de explosivos apreendidos – mas disse que o Exército tem uma presença de proximidade na fronteira e "precisa fazer operações dentro dos seus mandatos". Segundo ele, há uma determinação da presidente Dil­­ma Rousseff para fortalecer o pa­­trulhamento nas fronteiras. No entanto, as opera­­ções intensas e pontuais são de responsabilidade do Ministério da Defesa, enquanto as ações mais contínuas e permanentes ficam sob o comando do Ministério da Justiça.

Para Amorim, a Operação Sen­­ti­­nela, já realizada na fronteira pa­­ra­­naense pela Polícia Federal (PF), Po­­lícia Rodoviária Federal (PRF), Re­­ceita Federal do Brasil e corporações estaduais, manterá a região pa­­­trulhada após a retirada das tropas.

Com a operação Ágata 2, so­­mente no Paraná, há um acréscimo no efetivo de pelo menos mil homens. Com o fim da ação, prevista para o fim deste mês, o estado volta a contar com pouco mais de 350 agentes da Polícia Federal (PF), corporação responsável pelo patrulhamento de fronteira, além da PRF, RF e policiais estaduais.

Do Mato Grosso do Sul ao Rio Grande do Sul, onde a mobilização é realizada, há cerca de sete mil militares, 30 aeronaves circulando, embarcações e um Veículo Aéreo Não-Tripulado (Vant) da Força Aérea. A desmobilização da tropa está prevista para o fim deste mês.

Apesar do combate ostensivo à criminalidade durante o dia, à noite os contrabandistas continuam agindo. Moradores residentes próximo à barranca do Rio Paraná afirmaram à reportagem da Gazeta do Povo que a operação não interrompeu o movimento de algumas canoas carregadas de contrabando e drogas que saem do Paraguai em direção ao Brasil à noite.

Vendas em queda

No Paraguai, as vendas do comércio de importados de Ciudad del Este, fronteira com Foz do Iguaçu, caíram cerca de 90% após o início da operação, segundo a Agência de Promoção do Comércio em Defesa do Consumidor (Aprocon).

O presidente da Aprocon, Adailton Avelino, diz que os co­­merciantes criticam a forma co­­mo é feita a fiscalização. "Inti­­mi­­da os turistas porque parece uma ação de guerra". Avelino refere-se ao pente fino feito pelos soldados do exército na Ponte da Amizade, ligação entre Brasil e Paraguai: com fuzis, eles param todos os veículos. Muitos turistas preferem esperar a operação terminar para voltar às compras, segundo os comerciantes.

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