A paciência do governo com os movimentos grevistas parece ter se esgotado. Após impedir judicialmente os protestos de policiais federais, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, orientou o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Leandro Daiello, a cortar o ponto dos agentes que participaram da chamada "operação sem padrão" na Ponte da Amizade, entre Brasil e Paraguai, na segunda-feira. O protesto consistiu na ida de agentes ao local, que se algemaram à ponte, de acordo com a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef).
No memorando, Cardozo determina que o chefe da PF entregue um relatório com a "verificação dos servidores que efetivamente não prestaram serviço nos dias de hoje [ontem] em decorrência de paralisação ou greve, para fins de anotação administrativa das respectivas ausências".
Ele pede ainda que as chefias nos estados adotem "rigorosamente o mesmo procedimento" em casos semelhantes. Cardozo também determina que os órgãos de corregedoria internos apurem "atos ilícitos e/ou infrações funcionais praticados por servidores".
A operação dos agentes da PF recebeu o nome "operação sem padrão" diante da decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de proibir a fiscalização mais rigorosa, que provocou filas em aeroportos de todo o país. Segundo a Fenapef, apenas três agentes da PF atuam na Ponte da Amizade, e todos trabalharam normalmente na segunda-feira.
Ontem, o movimento na fronteira do Brasil com o Paraguai foi intenso, o que deixou o trânsito congestionado na ponte. Muitos sacoleiros aproveitaram que a fiscalização estava menos intensa para fazer compras em Ciudad del Este.
Cartaz
O ministro mandou ainda abrir uma sindicância para investigar quem são os autores de cartazes fixados em postos da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Rio de Janeiro que dizem "Posto PRF fechado! Passagem livre para tráfico de drogas e armas: esta é a resposta do governo federal para a segurança pública!".
"Eles [os cartazes] são claramente ofensivos à lei. Assinei uma determinação para que se abra sindicância para apurar quem são os responsáveis. Comprovada a autoria, vamos aplicar as punições devidas e determinadas pela lei", afirmou Cardozo, durante solenidade no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Os policiais rodoviários estão oficialmente em greve desde segunda-feira, mas nem todos os estados aderiram ainda. Ontem, agentes que ocupam cargos de chefia no Rio de Janeiro entregaram seus cargos à superintendência da PRF. O ato, realizado por 53 dos 56 chefes de departamento no estado, foi feito em protesto contra o governo federal e em favor da greve.
Itamaraty
Servidores do Itamaraty no Brasil e no exterior iniciam hoje a paralisação da categoria, engrossando o número de carreiras do funcionalismo federal em greve. O movimento vai afetar a sede do ministério em Brasília, o serviço a brasileiros em mais de 200 representações no exterior e a emissão de passaportes diplomáticos e oficiais.