O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, anunciou nesta quarta-feira que deixará o cargo. Ele disse considerar seu dever cumprido à frente do ministério. Rodrigues, que somente este ano conseguiu emplacar quatro pacotes agrícolas, não teve êxito nas chamadas medidas estruturantes, que tratam basicamente da redução de impostos e de melhoria da infra-estrutura. Esta seria a principal razão de ele antecipar em seis meses sua saída da pasta, já que havia anunciado que ficaria somente até dezembro. O ministro já havia afirmado que não pretendia continuar no governo na possibilidade de Lula conquistar um novo mandato.
- Considero que minha missão está cumprida - disse o ministro em entrevista coletiva.
Rodrigues, que comunicou sua demissão terça-feira à noite em jantar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, informou que na sexta-feira terá uma nova reunião com o presidente. O encontro tem por objetivo decidir até quando ficará no cargo e quem será seu substituto. Dentro do ministério, os nomes mais cotados são o do secretário-executivo Luiz Carlos Guedes e o de política agrícola, Ivan Wedekin, mas são fortes os rumores de que o PMDB está de olho na vaga.
Ministro nega problema de saúde na família
O ministro negou que esteja saindo do governo por motivo de saúde na família. Ele também assegurou que não está deixando o cargo movido por questões políticas.
- Não existe nenhum componente político. Não há qualquer ligação com o processo eleitoral. Sou um técnico. Nunca participei de partido político - disse.
Rodrigues está no Ministério desde a posse de Lula e nesta quarta-feira revelou que já havia posto o cargo à disposição do presidente por quatro vezes. Segundo ele, isso ocorreu em momentos de crise política e de especulações sobre mudanças no Ministério. Rodrigues disse que a conversa de terça com o presidente foi de "altíssimo nível e amizade". Segundo ele, Lula entendeu seus argumentos e não pediu para que ficasse no cargo.
- O presidente entendeu os argumentos e considerou importante que eu encontre o meu caminho - disse.
Sem filiação
Sem filiação partidária, era considerado, a exemplo do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, um técnico com grande conhecimento de sua área. Rodrigues criticou, em diversas ocasiões, a postura da equipe econômica em relação aos pedidos de sua pasta, mas recentemente havia afirmado que o relacionamento havia melhorado.
Polêmicas
Protagonizou um dos mais comentados bate-bocas do governo Lula, quando se opôs ao agora titular da Fazenda, Guido Mantega. Em março de 2004, Mantega ainda comandava o Planejamento, quando Rodrigues - irritado com a falta de solução para uma greve de fiscais que causara prejuízo de R$500 milhões em produtos que deixaram de ser exportados - chamou o colega de "vagabundo", numa reunião com parlamentares. Leia mais sobre a atuação do ministro, que nunca temeu polêmica com o governo.
Roberto Rodrigues nasceu em Cordeirópolis, em São Paulo, em 1942. Líder empresarial agrícola, o ex-ministro sempre cobrou medidas de fortalecimento do agronegócio e é engenheiro agrônomo formado pela USP.
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