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Um ano depois de confirmar a suspeita de febre aftosa diante dos órgãos sanitários, o Paraná ainda não tem previsão de quando poderá recuperar seu certificado internacional de área livre da doença. O atraso nesse processo – que depende do encaminhamento de um dossiê sobre as providências tomadas desde 21 de outubro do ano passado à Organização Internacional de Epizootia (OIE) – deve ser explicado nesta quinta-feira pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Luís Carlos Guedes Pinto, que vem a Curitiba para falar sobre aftosa.

Depois de um ano de crise, o setor agropecuário ainda espera a liberação de cerca de 75 áreas em Loanda – município do Noroeste onde estavam 66% dos 6.781 animais sacrificados.

O ministro deve anunciar que essas áreas estão livres da aftosa e podem voltar a movimentar seu rebanho, segundo informações de assessores do Mapa.

Mesmo que o ministro anuncie que o Paraná está livre de aftosa, o setor produtivo pretende manter pressão por mais providências. "Precisamos de investimentos em laboratórios, em sistemas de controle. Para os importadores da União Européia, o risco de ocorrer aftosa no Paraná é praticamente o mesmo de um ano atrás", afirma o economista Gustavo Fanaya, do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná (Sindicarne).

Guedes Pinto disse dia 8, em Curitiba, que dentro de dez dias o Mapa divulgaria seu parecer sobre o quadro da febre aftosa no Paraná, prazo que vence nesta quinta-feira.

A avaliação do Mapa ocorre com seis meses de atraso, argumenta o assessor da Presidência da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Carlos Augusto Albuquerque. Ele diz que, depois de assumir que havia suspeita de aftosa no Paraná, o governo estadual passou a negar o problema, prolongando o problema. Seis meses depois (em abril), o governo federal poderia ter recorrido à OIE, conclui.

Como o sacrifício de animais só foi encerrado em 28 de março deste ano, a reivindicação do certificado de área livre só passou a ser possível no fim de setembro.

Segundo estimativa da Faep, a redução das exportações de carnes (bovinos, suínos e aves) e a queda nos preços da carne provocaram prejuízo de R$ 180 milhões aos agropecuaristas. Segundo o Sindicarne, o Paraná deixou de exportar cerca de R$ 630 milhões em carnes. Parte foi encaminhada ao mercado interno.

O setor produtivo teme enfrentar perdas depois da obtenção do certificado de área livre da aftosa. A Rússia, maior importador de carnes do Brasil e do Paraná, anunciou que manteria suspensas por um ano as importações de carne do Paraná, do Mato Grosso do Sul e de São Paulo. Esse prazo só vence em dezembro. A União Européia decidiu interromper as compras por tempo indeterminado.

O risco de novos casos de suspeita de aftosa só deve diminuir com investimento em sistemas de monitoramento e mecanismos de controle da doença, admite o assessor especial da Secretaria de Defesa Animal do Mapa, Carlos Magno Campos da Rocha. "Montar barreiras e não é suficiente. É preciso investir em tecnologia para termos segurança a longo prazo", defende.

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