Os ministros da Saúde, da Educação e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome questionaram ontem o relatório das Nações Unidas que classifica o país como 79.º colocado no ranking do IDH, afirmando que os indicadores de saúde e educação estão desatualizados. Sem disfarçar a irritação, eles apresentaram um relatório alternativo em que o Brasil subiria 11 posições, passando a figurar como país de desenvolvimento humano muito alto.
O governo afirma que o IDH brasileiro é 0,764, superior aos 0,744 calculados pelo Pnud. De acordo com os ministérios, a esperança de vida ao nascer do brasileiro é 74,8 anos, ao contrário dos 73,9 apontados pelo Pnud. Os anos esperados de escolaridade são 16,3, em vez dos 15,2 do ranking oficial. Usando números dos ministérios, a média de anos de estudo da população é 7,6. No relatório, foi usado para o cálculo o valor de 7,2.
No caso da esperança de vida ao nascer, o governo afirma que o Pnud adotou dados de 2010. O Ministério da Saúde, no entanto, garantiu que já estavam disponíveis dados de 2013. Para o cálculo dos anos esperados de escolaridade, o PNUD teria desconsiderado as matrículas das crianças a partir de cinco anos, incluindo, portanto, as que estão nas creches. O governo alega ainda que, no caso de média de anos de estudo da população adulta, a ONU usou dados brasileiros de 2009 quando o governo já teria os de 2012.
"O IDH brasileiro não reflete o que ocorreu nos últimos quatro anos, pois os dados estão desatualizados", afirmou a ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello. A ministra afirmou que "dezenas" de países apareceram no ranking com dados atualizados, o que deixaria o Brasil numa situação desfavorável no momento do cálculo do ranking. Para ela, o mais importante é a média geral que teria sido alcançada pelo país, de 0,764. O cálculo com a nova posição brasileira feita pela equipe do governo está sujeito a incorreções, ponderou, porque outros países podem ter sido vítimas do mesmo problema de desatualização de dados.