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Aposentado João Luiz Carreiro, 50 anos, morador de Teresópolis: queda da porta da cozinha era “Deus mandando” sair | Daniel Castellano / Gazeta do Povo
Aposentado João Luiz Carreiro, 50 anos, morador de Teresópolis: queda da porta da cozinha era “Deus mandando” sair| Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo

Curitiba arrecada 80 toneladas

Em menos de cinco dias, Curitiba já arrecadou mais de 80 toneladas de doações destinadas às vítimas da tragédia que atingiu a região serrana do Rio de Janeiro na semana passada. O número refere-se apenas aos mantimentos que foram entregues na Defesa Civil do Paraná, na Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS) e no Hospital Cruz Vermelha. Além das doações, centenas de curitibanos também passaram a atuar como voluntários, em uma verdadeira rede de solidariedade.

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Região sofreu cerca de 4 mil deslizamentos

O geólogo Renato Eugênio de Lima, professor da Universidade Federal do Paraná, estima que 4 mil deslizamentos de médio e grande porte podem ter ocorrido na região afetada. Ele está nos municípios atingidos pela chuva, onde avalia locais perigosos.

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Teresópolis (RJ) - Não fosse o barulho da porta da cozinha caindo por causa do temporal, o aposentado João Luiz Carreiro, 50 anos, teria continuado a dormir, enquanto se iniciava a maior tragédia provocada pela chuva no Brasil. Para Carreiro, morador de Teresópolis, no Rio de Janeiro, a queda da porta era "Deus mandando" ele sair de casa. O aposentado, a esposa e uma amiga, que morava na casa, saíram rapidamente para um lugar mais seguro. Mais uma estória de fuga chegava ao fim? Ainda não. Durante a retirada, a esposa de Carreiro, Marta Helena Ponte, 48 anos, decidiu voltar e buscar o celular. A amiga Nadir decidiu acompanhar Marta. Nestes cinco minutos, parte de um morro deslizou em cima da casa e as duas morreram. "Quando vi o desmoronamento sabia que elas tinham ido embora", afirma Carreiro.

Minutos, coincidências e sorte definiram os destinos dos envolvidos na tragédia que teve início há uma semana. Os que sobreviveram agradecem a vida, mas também se questionam se não poderiam ter feito algo de diferente para evitar mortes. A auxiliar de acabamento Andréia Bachini, 39 anos, é um desses exemplos. Moradora de Nova Friburgo, outro município atingido, Andréia conseguiu se salvar porque teve a decisão certa na hora certa. "Escutei o barulho, um monte de gritos na rua. Desci para ver e o córrego estava transbordando. Falei: ‘não vou ficar aqui’".

Andréia saiu com as oito crianças e sete adultos da família que moravam no prédio de quatro andares. Somente o pai dela, Roberto Bachini, 62 anos, ficou em casa. Ele continuava dormindo mesmo com o barulho, provavelmente porque tinha bebido, conta a auxiliar. O cunhado dela voltou para chamar Roberto, mas o rio já tinha transbordado e não tinha mais acesso. O prédio da família deslizou. "Mais dez minutos e nós ficávamos lá também", diz Andréia.

As coincidências também fazem parte do trabalho de resgate de corpos. O agente voluntário da Defesa Civil Leonardo Vargas acompanhava um destes resgates na última quarta-feira. De repente, furou o pneu da máquina e a operação teve de ser paralisada. Logo em seguida, ouviu-se um barulho nos destroços. Era um homem que tinha sobrevivido aos escombros pedindo socorro. "Íamos começar a escavar pelo lugar errado", conta Leonardo. A vítima ficou 16 horas nos escombros e foi retirada viva do local, graças ao imprevisto e seu pedido de socorro na hora certa.

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