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Everaldo dos Santos Silva, 25 anos, tinha sido assassinado poucos minutos antes, no trilho do trem. Marco Aurélio Mateus de Lima, 17 anos, virava a esquina da Rua Helena Piekarski, por volta das 22h30 de sábado, na companhia de um amigo. Os dois ouviram os tiros que vinham na direção deles.

Lima, com uma das pernas machucadas, não conseguiu correr e foi morto. O amigo teve mais sorte. Fugiu e conseguiu se safar. Os dois estavam indo a uma festa de 15 anos de uma amiga. "Eles estavam com os rostos descobertos. Eu vi dois deles e eu os conheço. São lá da Vila Icaraí", conta o sobrevivente.

Nilza Ribeiro dos Santos, 29 anos, o filho Matheus Alves da Silva, de 5 meses, e o marido voltavam da igreja. A família não morava na região, mas tinha ido passar o dia na Vila União, para visitar familiares. Estavam no carro, no fim da Rua Helena Piekarski, quando os bandidos chegaram. Só o marido sobreviveu.

Uma quadra adiante, o pintor Jéferson Carvalho da Silva, 20 anos, e o cunhado Jancarlo da Silva, 20 anos, relaxavam, depois da semana de trabalho puxado, jogando sinuca em um bar, quando o bando chegou. O bar estava cheio, mas Jéferson e Jancarlo estavam na parte mais externa do local. Foram mortos.

As marcas de balas nas paredes do comércio e casas da região não deixam dúvidas do tamanho da barbárie e do poderio de fogo dos grupo. Segundo a polícia, foram usadas uma espingarda e pistolas ponto 40, ponto 30 e 9 milímetros.

Ontem, enquanto os parentes dos mortos enterravam seus entes queridos, os moradores sobreviventes tinham o clima de tensão descrito no olhar. Cristiano (nome fictício), um ex-morador, desabafa. "Isso não é uma fatalidade. Acontece todo fim de semana, em proporções menores, aos poucos, com a morte de inocentes. Você dorme ouvindo tiro e acorda ou­­vindo tiro", conta. "A polícia não olha aquele lado da cidade. Cansei de ligar para a polícia e nada acontecer", diz. (TC)

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