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As pastorais sociais da Arquidiocese de Curitiba escolheram a paróquia da Barreirinha para a realização da Romaria dos Trabalhadores. A concentração acontece às 9h do dia primeiro de maio, em frente à igreja, quando os fiéis devem seguir por um percurso de dois quilômetros, até o terminal do bairro. Durante o trajeto haverá orações, cantos, encenações e reivindicações, voltadas ao tema Desemprego.

A tradição cinquentenária de rezar pela paz no cume do morro do Anhangava no dia do trabalho será quebrada, novamente, este ano. Desde o final da década de 40, fiéis da Paróquia São Sebastião, em Quatro Barras, na região metropolitana de Curitiba (RMC), sobem os 1,4 mil metros do morro para, lá de cima, agradecer e pedir pela paz mundial. Neste primeiro de maio, porém, a celebração deve acontecer no pé do morro, assim como foi em 2005.

O motivo da mudança, que não vem agradando a comunidade, é ambiental. Desde 2003, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) lutava para proibir a subida dos fiéis. "Não podemos permitir que, em uma área de preservação permanente, haja uma reunião de mais de três mil pessoas. Isso traz prejuízos devastadores para a região", defende o chefe regional do IAP em Curitiba e RMC, João Diana.

"Não é somente uma missa. Os fiéis utilizam a subida como forma de penitência. É uma tradição histórica da comunidade", rebate o prefeito de Quatro Barras, Roberto Adamoski.

A justificativa do IAP para impedir a reunião atípica das pessoas inclui a proposta para que a missa seja realizada no pé do morro. Foi assim em 2005, quando, mesmo com a mudança, muitas pessoas subiram ao cume para rezar. Prevendo que isso volte a acontecer e visando a preservação da natureza, o IAP vai permitir a peregrinação ao topo do Anhangava, porém, irá liberar apenas a trilha de acesso pelo morro Samambaia, na estrada Asa Delta.

Ainda assim, a decisão não agrada a maioria. "É um evento histórico que não pode ser tirado da população e nem modificado", defende a conselheira da Associação dos Moradores da Borda do Campo, Rosicler Juçara Lucchiari. "A missa acontece há quase 60 anos e nunca causou nenhum problema. É inadmissível que, de uma hora para outra, seja encarada como uma agressão ao meio ambiente", acredita o presidente do Conselho Municipal de Turismo, Ronaldo Rocha.

"O local é muito explorado por montanhistas e praticantes de esportes radicais. Têm escolas e até hospedagem. E a fiscalização simplesmente não existe. Por que é que agora querem proibir a livre expressão de uma crença?", indaga o prefeito.

De acordo com Diana, o IAP não pode fiscalizar nem impor regras de visitação na região pois esta ainda é uma área particular. Em 2002, foi decretada a criação da Serra da Baitaca, que inclui o Anhangava e diversos morros vizinhos. No entanto, a desapropriação da área ainda não foi decretada. "Mesmo assim, o pico do morro é considerado, por lei, área permanente de preservação. Então não podemos apoiar essa missa", explica o chefe do IAP.

Sobre a presença de alpinistas no local, o presidente da Federação Paranaense de Montanhismo, Ronaldo Franzen, explica que todas as oito associações que atuam no Anhangava são devidamente cadastradas e seguem regras rígidas de preservação. "Fazemos mutirões para coleta de resíduos na mata, preservação das trilhas, combate a incêndios e orientação aos visitantes. Agora, há uma grande diferença no fato de três mil pessoas subirem o morro, alternadamente, durante o ano, com a subida desse mesmo número de pessoas em um único dia. O impacto ambiental é evidente", diz.

O padre Rodinei Thomazella, da Paróquia São Sebastião, diz que, mesmo indo contra a vontade dos fiéis, vai seguir a recomendação da Arquidiocese de Curitiba para que a missa aconteça aos pés do Anhangava. "Não vamos provocar uma guerra justamente no dia em que buscamos celebrar a paz", pede.

Serviço: A Missa da Paz será realizada na segunda-feira (dia 1), às 10 horas, e a peregrinação ao topo do Anhangava será permitida somente das 9 às 16 horas.

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