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Caso Mércia

Mizael depõe e afirma que não poderia ter atirado em advogada

O ex-policial e advogado Mizael Bispo de Souza começou a ser ouvido por volta das 17h30 desta quarta-feira (13), terceiro dia de julgamento sobre a morte de sua ex-namorada, Mércia Nakashima. Logo no começo do depoimento, ele negou que tenha sido responsável pela morte da jovem, em 2010. A Promotoria, que deveria iniciar os questionamento ao réu, afirmou que, diante dos outros depoimentos já registrados desde o início do júri, não havia interesse da acusação em fazer perguntas a Mizael. Com isso, a defesa iniciou as perguntas direcionadas a ele, que afirmou ser "incapaz de matar alguém".

Mizael disse ainda que não poderia atirar contra a ex-namorada devido a uma lesão sofrida em 1999, que o fez se aposentar da Polícia Militar. Segundo ele, o problema ocorreu devido a um choque elétrico, que provocou uma deficiência no pé e na mão direita. Ele disse ainda que tinha duas armas em casa, mas negou que andasse com elas.

O réu afirmou que teve um relacionamento estável com Mércia, mas que depois ele se tornou um relacionamento aberto e que eles ainda se viam eventualmente na época do crime, e que ela o procurava na maior parte das vezes. Ele ressaltou ainda que tinha uma namorada fixa na Bahia e que iria se casa em setembro de 2010. Ele acrescentou ainda que Mércia sabia desse outro relacionamento.

Após o depoimento de Mizael, deverão ser iniciados os debates entre defesa e acusação, o que deve ocorrer apenas amanhã. Depois disso, os jurados decidirão se o réu é culpado do crime. O vigia Evandro Bezerra Silva, também acusado de participação na morte de Mércia deve ser julgado apenas em julho. Testemunhas

Antes do depoimento de Mizael, foi ouvido hoje o perito Hélio Garcia Ramaciotti, que analisou os horários e trajetos feitos por Mizael, Evandro e Mércia na noite do crime, 23 de maio de 2010. Segundo ele, Mizael poderia ter ido até a represa de Nazaré Paulista (a 64 km de São Paulo), onde o corpo de Mércia foi localizado, e retornado para o local em que estava seu carro, no estacionamento do Hospital Geral de Guarulhos (na Grande São Paulo), no horário em que uma testemunha afirma tê-lo visto. Mizael afirma que não deixou o estacionamento do hospital e que estaria acompanhado de uma prostituta. Outras testemunhas, no entanto, já afirmaram nos últimos dois dias que os registros telefônicos não são compatíveis com essa versão e que ele teria saído do local. Também foi ouvido hoje o perito Renato Pattoli, responsável pelos laudos feitos durante as investigações policiais. Na ocasião, o promotor Rodrigo Merli Antunes insinuou que Mizael usou um sinalizador para matar Mércia, o que validaria o depoimento de uma testemunha mantida anônima que aponta ter ouvido gritos, mas não tiros.

Já a defesa, tentou desqualificar os laudos, principalmente as análises feitas do sapato do réu, que encontraram terra, indícios de sangue e osso, um pedaço metálicos contendo chumbo e zinco, além de uma alga que seria compatível às que vivem na represa onde o carro e o corpo da advogada foram encontrados.

A defesa ainda tentou indicar aos jurados que como a terra encontrada no sapato do ex-policial não era a mesma da margem da represa, a alga também poderia pertencer a outro lugar. A Promotoria, no entanto, com questionamentos feitos ao perito, mostrou que a alga não poderia ser desqualificada como prova.

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