A partir de 2009, a Secretaria do Meio Ambiente do Paraná vai divulgar, a cada três meses, os resultados do monitoramento ambiental que passará a ser feito no litoral do estado. Atualmente, o controle da balneabilidade só é realizado nas praias paranaenses, mas equipes estão sendo treinadas para ampliar o levantamento de dados. Paulo Roberto Castella, técnico da Coordenadoria de Biodiversidade e Florestas da secretaria, conta que serão apuradas informações sobre a erosão costeira e a qualidade da água no interior das baías e também haverá monitoramento dos manguezais e dos recursos pesqueiros.
De acordo com ele, as comunidades que tiram seu sustento do mar serão beneficiadas com o monitoramento ambiental. Castella diz que os pescadores terão facilidade para vender seu produto ao divulgar que os seus frutos do mar são provenientes de ambientes íntegros.
As associações de Pescadores (APG) e dos Maricultores (Aguamar) de Guaratuba aprovam a iniciativa. O presidente da APG, Álvaro Cunha, afirma que a ampliação do monitoramento vai beneficiar as famílias que vivem da pesca. "Isso já deveria ter sido feito há muito tempo", ressalva. As duas associações acreditam que o monitoramento pode contribuir para o crescimento econômico da região. O presidente da Aguamar, Nereu de Oliveira, lembra que a fama das águas do litoral do estado não é das melhores, "principalmente na temporada".
Planejamento
Luiz de Souza Viana, engenheiro de pesca da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, vinculada à presidência da República, participou do III Seminário sobre Desenvolvimento Sustentável no Litoral do Paraná Monitoramento Costeiro e Marinho, ocasião em que foi discutido o assunto. Ele explica que o monitoramento será um instrumento de planejamento para a região: "Ele irá apontar os locais mais indicados para determinada produção, como ela deve acontecer e com que freqüência. Assim saberemos até que ponto podemos produzir sem comprometer a capacidade da natureza se renovar, o que irá garantir a manutenção dos recursos naturais."
Segundo Viana, o monitoramento poderá apontar a possibilidade de criação de novas áreas de produção de ostras no litoral, por exemplo. "Esta atividade poderá aumentar em cerca de R$ 600 a renda das famílias que tiverem interesse", comenta. Nereu de Oliveira concorda: "As ostras cultivadas no nosso litoral já são certificadas como de ótima qualidade. Com essa certificação nossos produtos ganham preço. A comprovação da qualidade da água pode trazer ainda mais ganhos para os produtores, como o aumento das vendas", diz. A produção do Paraná é de cerca de 180 mil dúzias de ostras ao ano.
O trabalho
O monitoramento, explica Castella, vai envolver uma série de entidades. O Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná vai cuidar da qualidade da água. A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá (Facipar) vai monitorar as macroalgas, indicativo de ambientes alterados. O Ibama, em parceria com o Instituto Chico Mendes, ficará responsável pelo acompanhamento da qualidade dos manguezais. Os cuidados com o banco de ostras ficarão sob responsabilidade da Secretaria do Meio Ambiente.
O trabalho também conta com o apoio da Agência de Cooperação Internacional do Japão, responsável pelo treinamento dos técnicos. Segundo Castella, cinco pessoas já foram treinadas no Japão e mais duas vão ficar lá por 45 dias a partir de 22 de setembro. O projeto foi apresentado para o Ministério do Meio Ambiente, que propôs levar a idéia para outros estados. De acordo com o técnico, as primeiras reuniões devem ser agendadas para o início de outubro.