Moradores do Jardim Nossa Senhora da Paz, zona oeste de Londrina, interditaram parte da Avenida Brasília, trecho urbano da BR-369 que corta Londrina, durante toda a manhã desta quarta-feira (10). A pista foi liberada por volta das 13h25. Eles atearam fogo em pneus e veículos em protesto contra a morte de um homem do bairro na noite de terça-feira (9), no que eles dizem ter sido uma execução cometida pela Polícia Militar.
A corporação, por outro lado, afirma que a vítima, O servente de pedreiro Paulo Afonso, 43 anos, foi assassinada após reagir à abordagem policial.
Cerca de 150 pessoas participaram do protesto. No momento de maior tensão, eles atearam fogo em um carro. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) acompanhou a manifestação.
Por volta das 11h30, a Polícia Militar chegou ao local. O porta-voz do 5º Batalhão da PM, tenente Ricardo Eguedis, conversou com moradores e disse que a corporação vai investigar o caso. Ele garantiu que não haverá corporativismo e pediu que as testemunhas da morte compareçam ao batalhão para prestar depoimento e ajudar a esclarecer o caso.
Um homem que diz ter presenciado o homicídio, que preferiu não se identificar, afirmou que a PM pediu para a vítima deitar no chão e a executou. A abordagem teria ocorrido em frente à casa de uma mulher, onde a testemunha e a vítima tomavam cerveja. Ele nega que tenha havido reação por parte do homem assassinado.
Denúncias de abuso policial
Para a ex-mulher do servente de pedreiro, Elizângela Teixeira, 28 anos, os policiais agem sempre com brutalidade e ameaçam os moradores. No caso de Paulo Afonso, ela afirmou que os policiais "plantaram" a arma para incriminá-lo.
"Ele estava sentado em frente a casa de uma mulher, perto da dele, quando a polícia chegou a matou ele. Ainda colocaram uma arma para poderem falar que ele reagiu", contou.
Em conversa com o tenente Ricardo Eguedis, o irmão da vítima, Sérgio Ferreira dos Santos, 38 anos, afirmou que os policiais entraram no bairro para matar Paulo Afonso. "Mandaram ele deitar e atiraram nele. Vieram para matá-lo. Colocaram um revólver na mão dele, mas meu irmão seria muito burro de confrontar a polícia com uma arma."
O porta-voz da PM ressaltou que a morte do servente será investigada, inclusive com a presença de integrantes do Ministério Público. se for constatada qualquer irregularidade na ação, os policiais serão punidos. A princípio, segundo Eguedis, os envolvidos na morte de Santos não serão afastados das funções.