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Uma obra da Ecovia, concessionária que administra a BR-277 no trecho que liga Curitiba ao litoral do estado, vem causando polêmica entre moradores e trabalhadores dos bairros Jardim das Américas, Cajuru e Uberaba. A concessionária está instalando telas de proteção separando as duas pistas da rodovia, para impedir travessias e obrigar os pedestres a utilizar as passarelas. O problema, de acordo com pedestres que cruzam a rodovia diariamente, é a distância entre as passarelas, que chega a três quilômetros no perímetro urbano de Curitiba.

A idéia é bloquear a travessia em oito quilômetros da BR-277, em Curitiba e São José dos Pinhais. Neste trecho há sete passarelas, nos quilômetros 84, 82, 79 e 78, em Curitiba, e nos quilômetros 71, 67 e 66, em São José dos Pinhais. A empresa está adaptando para pedestres três passagens subterrâneas destinadas a veículos, nos quilômetros 80, 78 e 77, em Curitiba. As obras deverão ser concluídas em setembro.

A reportagem esteve nesta segunda-feira na BR-277 e constatou que as telas de proteção ainda não foram instaladas em um trecho próximo a um ponto de ônibus, entre os quilômetros 82,5 e 79. Como a passarela mais próxima fica a cerca de 1,5 quilômetro, a Ecovia deixou uma passagem para os pedestres cruzarem a rodovia, mesmo com a visibilidade reduzida por causa das telas. A concessionária informa que o acesso será bloqueado assim que as passarelas subterrâneas forem reformadas. Outro problema é um trecho de sete quilômetros sem passarelas, na divisa de Curitiba com São José dos Pinhais.

O projeto da Ecovia vem sendo contestado pelo vereador Serginho do Posto (PSDB), que promete encaminhar o caso para o Ministério Público Estadual e para a Comissão de Urbanismo da Câmara Municipal de Curitiba. "Não dá para aceitar que façam as adaptações que querem, sem consultar a comunidade, deixando a população de um lado e serviços essenciais do outro", diz o vereador. "Trata-se de um trecho urbano, mas querem dar o tratamento de uma rodovia pedagiada." Ele também critica as passarelas subterrâneas. "O espaço para o pedestre é de 50 centímetros. Não cabe um cadeirante."

Motivo

A justificativa para a instalação das telas é o número de atropelamentos. Segundo a Ecovia, desde 2002 foram registrados 218 atropelamentos no trecho, com 84 mortes. Só neste ano, oito pessoas já morreram. Desde janeiro de 2004, a Polícia Rodoviária Federal registrou 13 mortes no local.

Na avaliação do diretor-superintendente da Ecovia, Humberto de Souza Gomes, só a instalação das passarelas não resolveu o problema. "Cada passarela custou R$ 450 mil e não resolveu nada", afirma. Para ele, não há problema na grande distância entre as passarelas, já que elas estariam em pontos estratégicos. "São bolsões não habitados. Do quilômetro 77 em diante, por exemplo, há uma região de mangue."

Os usuários não aprovaram a idéia. "Se fecharem tudo, vai ficar difícil", comenta a doméstica Rita Lins, 44 anos. "Se querem fechar, tinham que colocar mais uma passarela." A opinião do pedreiro João Antônio da Silva, 52, é a mesma. "Trabalho há 12 anos aqui e já vi muitos atropelamentos. Mas tinha que ter mais passarelas."

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