Em novo protesto pela retirada de mendigos da praia de Canasvieiras, na quarta-feira (11), moradores do badalado balneário de Florianópolis foram repreendidos por manifestantes "pró-mendigos". Integrantes dos dois grupos trocaram xingamentos. Não houve agressão física.
"O que vocês estão querendo fazer é uma faxina social", disse uma manifestante pró-mendigos. "Se tu gostas tanto assim deles, leva para a tua casa", respondeu alguém do outro lado. A Polícia Militar acompanhou o protesto a distância.
Os moradores de Canasvieiras foram à rua com cartazes e carro de som. Às 19h, na hora marcada para o início do ato, eram oito pessoas. Meia hora depois, eram pouco mais de 50.
Alguns levaram cartazes pedindo ajuda aos moradores de rua. Mas, ao falar a respeito, mostraram discurso menos solidário.
A vendedora Maria José Viane, 32, carregava um cartaz onde se lia "Precisamos de ajuda para salvar os moradores de rua." Questionada sobre o que achava da presença dos mendigos, disse: "Tem que tirar eles daqui. Eles ficam bebendo, se drogando na rua. A gente nem pode levar as crianças no parquinho".
O instalador hidráulico Ailton D'Ávila, 54, escreveu no cartaz: "A temporada está chegando. Precisamos limpar nossa praia para receber os turistas". À reportagem disse que não via risco de a mensagem parecer preconceituosa. "A crítica é construtiva. Não é destrutiva. Eu acho que o turista vai entender que nós estamos fazendo isso para recebê-lo bem."
Iniciativa equivocada
O grupo pró-mendigos reuniu 14 pessoas e também foi à rua com cartazes e megafone.A estudante de ciências sociais Noa Cykman, 23, chamou o protesto dos moradores de "uma iniciativa equivocada" que "agride pessoas inocentes".
"Nós entendemos que esse problema [dos moradores de rua] deve ser tratado com políticas públicas, com restaurantes populares, por exemplo", disse.
A Prefeitura de Florianópolis anunciou ontem um conjunto de medidas para ajudar os mendigos, como vagas em abrigo, mutirão de emprego e tratamento para dependência química.
A Polícia Militar informou que está atenta ao caso e que considera a questão dos moradores de rua um problema social.
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