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Veja o depoimento de moradores de Guaraciaba após passagem do tornado

O interior de Santa Catarina testemunhou esta semana uma das mais devastadoras forças da natureza - os tornados. Os ventos fortíssimos arrastaram pessoas, que contam, em detalhes, como é a sensação de voar e de ver tudo nos ares.

Quem enfrentou a fúria da natureza não esquece. Eram nove horas da noite da última segunda-feira, dia 7 de setembro, feriado nacional, quando um poderoso tornado varreu o interior do município de Guaraciaba, oeste de Santa Catarina. Por onde ele passou, nada ficou de pé.

"Era o quarto do meu piá, meu guri, era o nosso quarto, o quarto de hóspedes", conta Melita Ludwig, sob os escombros do que era a casa da família dela.

O vento arrancou a casa, com tudo que havia dentro, inclusive Dona Melita, Seu Vicente e o filho deles, Douglas, que foram parar a mais de 50 metros de distância.

"Nós estava tudo ali e não sei como que nós fomos parar lá para baixo. Com certeza nós fomos voando", conta Melita.

Na escuridão e atordoados, perderam a noção de onde estavam. "Nós estávamos tudo caído meio perto", diz o agricultor Vicente Ludwig. "Eu sei que me arrastava, mas eu achei que estava dentro de casa", afirma Melita.

"A velocidade do vento, passando de 100 km/h já é capaz de derrubar uma pessoa, velocidades acima disso, que é o que acontece, por exemplo, no caso de um tornado, são capazes de gerar danos significativos", esclarece Ernani Nascimento, especialista em tempestades.

Poder de destruição

Em Santa Catarina, ninguém registrou em imagens a passagem do tornado. Mas o especialista mostra, neste vídeo, como a força dos ventos pode destruir uma casa.

"Nós temos um exemplo de um tornado se aproximando de uma casa e nós podemos observar o que acontece com o telhado, antes mesmo de a casa ser diretamente atingida pelo tornado. A casa já voa. E depois o tornado atinge a casa e a destrói completamente", explica Nascimento.

"A mãe veio, abriu a cortina da janela e disse: gente nós vamos morrer todos. Botou a mão na cabeça e disse: se fomos todos", conta o agricultor César Dorneles.

Logo depois, o redemoinho de vento sugou a casa. César foi arremessado dentro do açude. "Eu ia caindo e pensando no pai, na mãe e nos meus irmãos. Eu pensava na hora, será que tem alguém vivo além de mim?", relembra.

César ainda custa a acreditar no que o tornado foi capaz de fazer. "A geladeira foi levada pelo vento, atravessou o açude a mais de 100 metros de distância. O vento levou como se fosse uma pena no ar. Sumiu", afirma César.

Alcides Boltrini, 68 anos, sobreviveu para contar uma história incrível. "Na hora que o tornado veio, deu uma retorcida na casa e eu desapareci de lá. Eu achava que tinha vindo parar no porão", conta o agricultor.

Na verdade, Seu Alcides foi carregado no olho do tornado morro acima, sobre as árvores, até cair a uma distância de 70 metros.

"Em situações em que há condições favoráveis para tempestades intensas, as pessoas devem se manter alertas e buscar abrigo no cômodo mais interno da sua casa, de preferência, se houver um porão, é o melhor lugar pra se proteger. Ou dentro de um banheiro, que, devido ao sistema de encanamento, faz com que o banheiro tenha uma estrutura reforçada, capaz de resistir a ventos mais intensos", orienta Nascimento.

Seu Alcides é o tipo de homem que acredita no destino. "Se não é dia de morrer, pode andar cem metros voando pelo ar, cai pra baixo e não morre".

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