Foz do Iguaçu Pelo menos 30 moradores de uma favela no Centro de Foz do Iguaçu foram expulsos de suas casas na noite do domingo passado. Segundo eles, a ordem para desocupar parte da invasão, às margens do Rio Paraná, partiu de traficantes paraguaios, que utilizariam os barracos como depósito de drogas e mercadorias contrabandeadas. Apesar de muitos terem passado a noite no meio da rua na esperança de voltar para a casa de manhã, a Polícia Militar não confirmou o fato.
Como informaram moradores da Favela Monsenhor Guilherme próxima a um colégio de mesmo nome , os marginais entraram na invasão por volta das 21 horas. Armados, eles determinaram que um grupo deixasse suas casas até as 5 horas de segunda-feira. Minutos depois, foram efetuados disparos.
Em entrevista a uma rádio da cidade, moradores afirmaram serem comuns situações semelhantes. "Os caras chegaram lá e falaram que até cinco horas da manhã queriam tudo limpo na casa, senão iam chegar matando. Pegamos bujão, televisão e dois cobertores e estamos na rua. Não temos para onde ir", disse a dona de casa Jocelina de Oliveira.
Alguns dos moradores conseguiram abrigo em casas de conhecidos. Os demais passaram a noite em uma rua que dá acesso à invasão, retornando nas primeiras horas de ontem.
Uma catadora de papelão que mora há 18 anos na favela disse ter muito medo. "Isso acontece de vez em quando. Eles mandam as famílias saírem. Tenho cinco filhos, é difícil ficar tranqüila desta maneira", lamentou.
Questionada sobre o fato, a assessoria do 14.º Batalhão da Polícia Militar em Foz apresentou informações desencontradas. Pela manhã, a informação era de que o tiroteio teria acontecido na margem paraguaia do Rio Paraná. Posteriormente, a PM informou que, devido à inexistência de boletim de ocorrência, não poderia dar detalhes sobre a expulsão dos moradores. No entanto, em entrevista à rádio, o oficial responsável pelo efetivo acionado pelos moradores já havia confirmado a invasão, informando inclusive que, ao chegar à favela, os policiais foram recebidos a tiros de fuzil, vindos de áreas próximas ao rio.
Já o comandante da Força Especial de Pronto Emprego (Fepe) da PM, major Nerino Mariano de Brito, negou o fato. Depois de manter conversações com o responsável pelo atendimento e com a equipe do serviço reservado da PM, ele disse ter constatado que as informações não procedem. "São murmúrios. Há muita especulação em relação a isso. De fato existem alguns paraguaios que gostariam de tomar o lugar. Mas não chegou a tanto. Existem ameaças, mas não tão drásticas", disse.