"Apesar do medo, temos que recomeçar". É com este pensamento que moradores do entorno do Morro do Bumba, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, tentam retomar suas vidas nesta segunda-feira (12). Enquanto eles tentam reaver a rotina, geólogos estão no local para avaliar os riscos de novos deslizamentos após a retirada de lixo da parte baixa do morro.
Francisca de Medeiros ainda tem medo de que novos deslizamentos possam ocorrer, mas está tentando retomar a sua vida. Ela mora em frente ao deslizamento. "Meu marido foi trabalhar e eu ia levar as crianças na escola, mas fiquei com medo porque o dia amanheceu nublado", disse ela. É o primeiro dia que o marido, Erivaldo, vai ao trabalho depois de quarta-feira (7), quando ocorreu o grande deslizamento.
Desabrigados, a irmã e o cunhado de Francisca estão em sua casa, mas também voltaram a trabalhar nesta segunda. "No dia da tragédia, pedi para minha irmã vir para a minha casa. No morro estava sem luz. Graças a Deus eles vieram", contou Francisca.
Números conflitantes
O casal Rosemary Santos, 41 anos, e Hélio Santos, 47, também tentam retomar a rotina. "Nossa casa está interditada. Vamos tentar resolver a situação para voltarmos ao trabalho", disse a esposa, que é doméstica e só deve voltar a trabalhar na quarta-feira (14).
No último domingo (11), bombeiros informavam que já haviam retirado 38 corpos do local. Nesta segunda, no entanto, o comando das operações no local só confirma 36 resgates. Um mulher retirada com vida dos escombros morreu no sábado (10), no Hospital Azevedo Lima.
Geólogos avaliam situação
Após a retirada de grande quantidade de entulho da parte baixa do morro pelos bombeiros, geólogos do Departamento de Recursos Minerais estão na região para avaliar os danos causados ao meio ambiente e a possibilidade de novos deslizamentos.
Segundo o coronel Itamar Oliveira, coordenador das operações do Corpo de Bombeiros no local, os profissionais estão avaliando os riscos da terra descer após a retirada do lixo.
150 bombeiros atuam no localDurante a noite, nenhum corpo foi retirado apesar de 45 bombeiros terem dado continuidade às buscas. Na manhã desta segunda-feira (12), a previsão é que 150 bombeiros continuem o trabalho.
"Oficialmente estamos buscando mais duas pessoas que parentes vieram reclamar, mas continuamos procurando outras vítimas e trabalhando sempre com a esperança de achar sobreviventes", explicou o coronel. O corpo de Bombeiros trabalha com mapeamento da região através do "google maps" para facilitar as buscas.
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