Cerca de 200 pessoas se reuniram para protestar contra o fechamento de uma escola em Almirante Tamandaré, na região metropolitana de Curitiba, na tarde desta quinta-feira (9). Os manifestantes do "Movimento Escola Não Se Fecha" fizeram um abraço simbólico no prédio da Escola Municipal Antônio Prado, que existe na região desde 1860, para mostrar que não aprovam a decisão da prefeitura em fechar o estabelecimento de ensino.
Para Luiz Romero Piva, um dos líderes do movimento, a prefeitura de Almirante Tamandaré não deu tempo para que os pais, dos cerca de 40 alunos da escola, se organizassem para debater sobre o fechamento da instituição. Piva disse que os moradores são contra o fechamento porque o estabelecimento faz parte da vida das pessoas da região e não pode fechar as portas de repente.
O secretário de educação do município, Romildo de Brito, afirmou que o movimento não passa de uma estratégia política. "Destas 200 pessoas que estavam lá, te garanto que apenas 30 estão preocupadas com a situação da escola", disse. "O resto está lá por causas políticas", completou.
Sobre o fechamento repentino da instituição, Brito afirmou que há 10 dias foi realizada uma reunião com os pais dos alunos. "Nós já conversamos com os pais e eles entenderam a situação", disse. O motivo do fechamento é orçamentário. A secretaria de educação do município informou que não há condições de manter uma escola com apenas 40 alunos e quatro professores, quando não há diretores, nem profissionais de coordenação pedagógica para promover um melhor ensino.
Brito afirmou que os alunos vão ser transferidos para outras escolas da região. "Uma delas fica a um quilômetro de distância e os alunos terão transporte escolar para locomoção". Piva rebateu a informação e disse que as outras escolas estão superlotadas e têm problemas com drogas e violência. Além disso, Piva falou que os gastos com transporte escolar serão maiores que os custos para manter a escola aberta.
A prefeitura confirmou o fechamento da escola, que será feito no dia 23 deste mês, porém a instituição não deixará de funcionar. No local, será implantado um programa de erradicação do trabalho infantil (Peti) do governo federal, que segundo Brito, atenderá cerca de 160 pessoas. Sobre o funcionamento da escola com o programa, Piva disse que esta é uma forma "da prefeitura pegar mais uma graninha do governo".
Em dezembro de 2008, a Escola Municipal Antônio Prado virou notícia policial por ter sido cenário de um assassinato brutal. A professora Sílvia Regin da Silva foi morta com nove tiros por um adolescente no local. O crime ocorreu no pátio da escola, na frente de alunos de 9 a 10 anos. Questionado se o motivo do fechamento da escola teria alguma relação com o assassinato de Sílvia, o secretário do município negou qualquer relação. "Este foi um caso isolado que aconteceu na escola", finalizou.