Ao assinar o contrato de financiamento para a compra de um imóvel, a dona de casa Mislaine Fogaça Marques, de Londrina, Norte do Paraná, não imaginava os transtornos que teria pela frente. No final de abril, quando a obra foi entregue e ela se mudou para a casa nova, encontrou uma série de irregularidades na execução do projeto. A empresa responsável pela construção do imóvel foi contatada, mas passados cinco meses, Mislaine ainda está às voltas com os problemas que vão do piso ao teto.

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A dona de casa, que sempre dormiu bem em dias chuvosos, agora perde o sono quando o tempo fecha. O madeiramento utilizado na estrutura do telhado cedeu e ela morre de medo de que tudo venha abaixo com uma chuva ou vento mais forte. "Pelo contrato, o madeiramento seria de cambará ou cedrilho. Colocaram eucalipto", alega. Sem ter para onde escoar, a água da chuva empoça no quintal e invade a casa, além de causar rachaduras no piso que reveste a área externa. "Não colocaram o ralo que também estava previsto no projeto."

E os problemas não param por aí. A parede de um dos quartos está fora de nível, há espaços entre o forro de PVC e a parede e, ao fechar a torneira, o que se ouve é um barulho no encanamento. "Entramos com o FGTS, demos todo o dinheiro que tínhamos nessa casa, estamos pagando R$ 236 por mês para morar aqui e o imóvel está cheio de problemas. Estou muito insatisfeita. Como um engenheiro aprova uma obra dessas?", questionou Mislaine.

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Muitas das 40 famílias que financiaram seus imóveis no Jardim Paris (zona norte) enfrentam transtornos semelhantes. Na casa da supervisora de vendas Marina Sabino da Silva Santos, os vidros foram mal instalados e o piso teve de ser trocado porque quebrou. Também há problemas na instalação elétrica. "Já perdi um aparelho porque deu curto-circuito." Mesmo depois de receber a visita de dois eletricistas, a luz da área externa não acende. "Ninguém consegue resolver", disse ela.

Os proprietários reclamam que os imóveis ficaram diferentes da casa-modelo construída no bairro e apresentada aos futuros moradores. Eles esperavam um acabamento de melhor qualidade que justificasse o valor cobrado pelo imóvel. "Estou pagando R$ 380 de prestação. Financiei R$ 40 mil. É muito caro para a qualidade do material utilizado aqui", declarou Marina Santos.

Casas valem de R$ 32 mil a R$ 40 mil

As 40 casas têm entre 54 metros e 69 metros quadrados. As primeiras valem R$ 32 mil e as demais, R$ 40 mil. Os imóveis foram financiados pela Caixa Econômica. Segundo o superintendente da Caixa, Roberto Bachmann, seis moradores enviaram correspondências à instituição formalizando suas queixas. A construtora foi notificada e um dos proprietários já teve o problema solucionado. Bachmann afirmou que antes de entregar os imóveis, a Caixa faz uma vistoria, mas que alguns problemas só são perceptíveis após a entrega da obra. O engenheiro responsável pela área técnica da construtora, Osires Aparecido Toloi, disse ter recebido 13 reclamações, 8 feitas diretamente à construtora e 5 enviadas pela Caixa. Ele afirmou que a construtora irá avaliar cada caso. "Se for problema estrutural, a gente faz a programação com o cliente e agenda uma data para o conserto", declarou o engenheiro.