Dentre as dezenas de obras de trânsito realizadas no ano passado pela prefeitura de Curitiba, algumas vêm causando sérios transtornos aos moradores. A Rua Itacolomi, por exemplo, no bairro do Portão (Zona Sul), recebeu nova pavimentação e passou a ter mão única. O que poderia ser uma solução para o trânsito virou um problema para os residentes na região. O gerente Eberton Lanzarin reclama que, desde que a prefeitura modificou o trânsito na via, o fluxo de veículos aumentou bastante e os acidentes se tornaram constantes. Segundo ele, não há semáforos nos cruzamentos nem redutores de velocidade, o que faz com que os motoristas desenvolvam uma velocidade bem acima dos 60 quilômetros por hora permitidos.
Ele lembra que a Itacolomi sofreu uma transformação drástica, sem consulta aos moradores em nenhum momento: passou de uma tranquila rua de bairro para uma espécie de via rápida. "A obra trouxe mais problemas do que benefícios", reclama. "Não podemos nem receber visitas, pois não há como estacionar mais nas frentes das casas. Para sair das garagens pela manhã também é um sufoco."
Lanzarin conta que, desde agosto, já ligou mais de 20 vezes para o telefone 156 para reclamar da situação, mas nunca obteve retorno. Indignado, ele ameaça entrar com ação judicial contra a prefeitura.
Outro problema semelhante enfrentam os moradores do bairro Capão Raso. Desde que o binário da Avenida Brasília foi inaugurado, em fevereiro de 2008, o trânsito nas ruas da região aumentou muito e com ele vieram os acidentes. O comerciante Inácio Raimundo Teensin afirma que os maiores problemas se concentram no cruzamento da Rua José Gomes de Abreu com a Infante Dom Henrique: "Todo dia tem acidente aqui. Ontem (anteontem) mesmo, aconteceu um grave" . Segundo ele, o problema é o mesmo: a combinação de trânsito muito intenso em uma rua estreita, desrespeito ao limite de velocidade e falta de sinaleiros e lombadas.
A situação incomoda tanto que os moradores já se mobilizam para buscar uma solução. Na terça-feira, cerca de 50 deles se reuniram com Antonio Reis Pereira, gerente de obras da Regional do Pinheirinho, e um engenheiro da Urbs para mostrar a eles, no local, os problemas enfrentados. "A situação chegou ao extremo", reclama o comerciante. "Estamos há quase um ano tentando resolver essa questão. Já tentamos de tudo: reuniões com a Regional, telefonemas, e-mails e nada. Somente agora que conseguimos reunir a população e ameaçamos fechar a rua e chamar a imprensa é que eles aceitaram vir até aqui."
Após a reunião, o que os moradores conseguiram foram promessas de melhoria imediata da sinalização no local e da realização de estudos para comprovar a necessidade de sinal luminoso ou lombada. Eles pretendem continuar pressionando e entregar um abaixo-assinado para agilizar a resolução.
A prefeitura afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que as reclamações foram levadas em consideração e que uma pesquisa de volume de tráfego será feita para determinar a viabilidade da instalação de um sinaleiro no cruzamentos da Ruas José Gomes de Abreu com a Infante Dom Henrique e que o tráfego da Rua Itacolomi será monitorado durante três meses para avaliar a necessidade de redutores de velocidade.