As cerca de 230 famílias que estão sendo despejadas do edifício no Centro de São Paulo, durante cumprimento de reintegração de posse nesta quinta-feira, estão montando barracas na região, segundo o presidente do movimento Frente de Luta por Moradia, Osmar Borges.
"As famílias saíram do prédio e agora entram individualmente com oficial de justiça para fazer o arrolamento dos bens para dar início a retirada", explica Osmar.
Segundo ele, um outro grupo de moradores começa a montar barracas próximo ao prédio, na Avenida São João em frente à Galeria Olido. "As famílias vão ficar acampadas ali até a prefeitura apresentar uma solução aos moradores", confirma Osmar. "Representantes da prefeitura só vieram aqui e fizeram o cadastro", explica.
A reintegração que estava marcada para 13 de janeiro foi prorrogada em 20 dias porque, segundo o movimento, a representante da Secretaria Municipal de Habitação informou que a Prefeitura não faria o atendimento imediato às famílias que seriam desalojadas com o cumprimento da liminar de reintegração de posse.
Lula
De acordo com Osmar, os moradores sem-teto podem invadir a área na Rua dos Protestantes, no coração da cracolândia, que pode ser doada ao Instituto Lula. O movimento Frente de Luta por Moradia, segundo o presidente, já enviou um comunicado ao prefeito Gilberto Kassab protestando contra a oferta de doação do terreno para o Instituto, anunciado ontem.
"O movimento pede para que o prefeito faça a doação para os moradores e não para o Lula. É injusto anunciar essa doação. Tantas famílias estão lutando para ter um teto e na véspera da reintegração de posse ele anuncia que vai doar para o Lula. Este anúncio foi para fazer marketing político", finaliza. Segundo Osmar, se a doação for realmente oficializada, os sem-teto devem ocupar o terreno.
Kassab enviou na tarde de quarta-feira um projeto de lei à Câmara Municipal prevendo a cessão da área da Prefeitura ao Instituto Lula. O local fica na Rua dos Protestantes e está dentro do perímetro da concessão urbanística da Nova Luz, que prevê a revitalização de 45 quarteirões no centro de São Paulo.
A área é composta por dois terrenos separados por uma pequena rua, com área total de 4.432 m2. Segundo o texto da proposta, a área seria cedida por 99 anos para a entidade fundada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o término do seu segundo mandato.