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Há três meses, a funcionária pública Denise Egarashi decidiu trocar o apartamento no Centro de Londrina por uma casa em um condomínio fechado na Zona Sul. Casada e com dois filhos pequenos, ela encarou a mudança como possibilidade de proporcionar às crianças uma infância com direito a passeios de bicicleta e brincadeiras na rua. "É uma forma de resgatar a infância que eu tive", comenta.

Ela reconhece que a distância do trabalho e a falta de infra-estrutura de bairro, como farmácia e padaria, atrapalham um pouco, mas mesmo assim, avalia a mudança como positiva. "A gente acaba resgatando o jeito de viver antigo e conta com a camaradagem dos vizinhos na hora que está preparando um bolo e falta uma xícara de açúcar. Isso já aconteceu comigo", avalia Denise.

"Tirei meus filhos da frente da televisão", festeja o engenheiro mecânico Marco Antônio Demarchi Petroski, 42 anos, morador de um condomínio fechado no bairro Orleans, em Curitiba. A descrição do lugar onde vive é farta em predicados. Em 66 mil metros quadrados, 115 lotes, dois terços são de área verde, com quadras de esportes, passeios, uma reedição quase perfeita dos tempos de menino do proprietário. "Antigamente, a gente andava de carrinho de rolimã pela rua. Mas Curitiba cresceu muito", diz.

O empresário Fabrício de Macedo, 37 anos, morador de um dos muitos condomínios de luxo da região do Parque Barigüi, faz coro com Marco Antônio. "Estou mais social", dispara, ao pesar as perdas e ganhos de sua mudança para a horizontal. Há poucos meses, desde que trocou o apartamento por uma casa de 750 metros quadrados, tem recebido mais amigos para churrascos e rodas de conversa.

Para Macedo, o estímulo para estar entre-muros não foi a segurança, já que tem certeza de que estaria mais garantido num prédio, mas a qualidade de vida. "Preste atenção [pausa]. Dá para escutar os passarinhos", diz, sem esconder a nostalgia da aurora de sua vida. Embora criado na movimentada Rua Carlos de Carvalho, lembra de brincar na rua, um privilégio que seu filho de 9 anos não teria, garante, nem no melhor bairro de Curitiba.

Por essas e outras, o empresário discorda das análises que vêem nos condomínios um mundinho à parte, perfeitos como um retrato de época. "É uma maneira de reencontrar a liberdade, os pequenos prazeres", elenca. E uma liberdade cara, já que teve de cercar o muro altíssimo de ponta a ponta – apesar de todo o aparato do recanto. "Estou adorando", diz, da sacada, de onde se vê que atrás de um pinheiro tem uma cidade.

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