Uma árvore centenária, preservada pela prefeitura desde 2006, está sendo removida, neste domingo, em Copacabana. O exemplar de açacu (Hura crepitans) fica na Rua Pompeu Loureiro, em frente ao número 94. Desde o início da manhã, a via está tomada por moradores que tentam impedir que ela seja derrubada. Segundo a Comlurb, técnicos da Fundação Parques e Jardins constataram risco de queda e, por isso, recomendaram o corte. Centenas de árvores da cidade são preservadas e consideradas "notáveis", uma designação dada a plantas que não podem ser cortadas e, se morrerem, devem ser substituídas por exemplares iguais. A Pompeu Loureiro está fechada entre as ruas Constante Ramos e Bolívar.

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A preservação da açacu ajudou a realizar o sonho do representante comercial Otto Schuback, que, ao vender a propriedade da família, em Copacabana, fez constar em cartório que o exemplar de que tanto gostava só poderia ser derrubado depois que ele morresse. A árvore típica da Amazônia, de 30 metros de altura e copa equivalente a 25 metros, sobreviveu à especulação imobiliária do bairro e a Otto, que morreu em 1968. Mas agora seu futuro trágico parece estar traçado.

Em 2006, quatro decretos publicados no Diário Oficial declaravam imunes ao corte 308 árvores no Grajaú, na Penha, na Tijuca e em Copacabana, e estabeleceu normas para preservá-las. Todas passaram a ter placa informando que não podem ser cortadas. A açacu tem a sua.

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No Dia da Árvore, no ano passado, a coluna Gente Boa, do GLOBO, fez uma página dedica às plantas mais especiais da cidade, segundo seus leitores. A museóloga, Mariana Várzes, autora do livro "Árvore Cidade", citou a espécie da Pompeu Loureiro. Segundo ela, "a açacu é monumental. Ela tem uma copa linda e o tronco com alguns espinhos, mas só na parte de cima. É uma árvore amazônica, forte, que resistiu bravamente no meio da urbanização".