Moradores do distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), se organizam na manhã deste sábado (7) para voltar ao vilarejo para tentar buscar bens que possam ter escapado da destruição. Há um temor generalizado com relação a saques nas casas que escaparam - 22 imóveis na parte alta. “Tinha uma criaçãozinha, com vacas, galinhas e uns cavalos. Preciso ver como estão”, relata o comerciante Agnaldo Pereira, de 42 anos. A prefeitura estimava, na sexta-feira, que 90% das construções da cidade estavam destruídas, mas os imóveis restantes, sem água nem energia, também foram desocupados pelo poder público.
As caravanas dos moradores partem dos hotéis onde os moradores passaram a noite de sexta para sábado. Nesses locais, eles estão organizando vaquinhas para comprar berços e fraldas para os bebês de Bento Rodrigues. “Não dá para esperar essa Samarco”, declarou Aparecida de Jesus, de 58 anos, uma das organizadoras da vaquinha.
As buscas por pessoas ilhadas foram retomadas nesta manhã. A Prefeitura divulgará ainda nesta manhã um balanço sobre as atividades da madrugada.
Cenário
O risco de rompimento das barragens do Fundão e Santarém da mineradora Samarco em Mariana (MG) foi alvo de alerta em 2013 pelo Instituto Prístino, instituição particular sem fins lucrativos que realizou um estudo na região a pedido do Ministério Público Estadual (MPE).
Análises do Serviço Geológico do Brasil indicam a possibilidade de os rejeitos de minério chegarem ao Espírito Santo nas próximas 48 horas. É possível que a enxurrada de lama já tenha atingido afluentes do Rio Doce, 100 quilômetros longe de Mariana.
A lama lançada dos reservatórios deixou cerca de 300 famílias desabrigadas. Três distritos de Mariana foram atingidos - Camargos, Paracatu de Baixo e Bento Rodrigues -, além da cidade de Barra Longa. Pelo menos 500 pessoas tiveram de ser resgatadas só de Bento Rodrigues, que fica mais perto da mina da Samarco, segundo balanço divulgado ontem.