Velório será no Palácio do Planalto
O corpo do arquiteto Oscar Niemeyer, 104 anos, foi embalsamado no laboratório da Santa Casa de Misericórdia, no bairro de Inhaúma, na zona norte do Rio, durante a madrugada. No início da manhã, foi levado em cortejo de volta ao Hospital Samaritano, em Botafogo, zona sul da capital, onde morreu na noite de quarta-feira (5).
Por volta das 10h, o corpo será levado, também em cortejo, para o Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim/Galeão, de onde seguirá para Brasília. O velório será no Palácio do Planalto.
A presidente Dilma Rousseff ofereceu o palácio à família para o último adeus a Niemeyer.
Depois, o corpo volta para o Rio, onde será velado no Palácio da Cidade, sede da prefeitura, em Botafogo. Nesse momento, haverá visitação pública
O enterro do arquiteto está previsto para sexta-feira (7) no Cemitério São João Batista, em Botafogo. O horário ainda não foi defindo.
Niemeyer na imprensa internacional
O jornal espanhol "El País" chamou o arquiteto de "poeta da curva" e "pensador polifacetado", "o último sobrevivente dos grandes mestres do século 20".
Segundo o diário argentino "Clarín", Niemeyer foi um dos mais emblemáticos nomes da arquitetura moderna do século 20 e um homem fiel às suas convicções".
O "ABC News" fala que o pai da arquitetura moderna construiu uma capital futurista.
Cronologia
15.dez.1907 - Nasce no Rio
1928 - Casa-se com Annita Baldo, filha de imigrantes italianos, e conclui o curso secundário
1934 - Forma-se em arquitetura pela Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro
1935 - Começa a trabalhar no escritório de Lucio Costa
1945 - Filia-se ao Partido Comunista Brasileiro
1956 - Organiza o concurso para escolha do Plano Piloto de Brasília, vencido por Lucio Costa
1963 - Recebe o Prêmio Lênin Internacional da Paz
1983 - Projeta o Sambódromo, no Rio
2007 - Completa 100 anos, recebendo, entre outros títulos, a Ordem da Amizade, do governo da Rússia, e a Ordem Nacional da Legião da Honra, da França
5.dez.2012 - Morre no Hospital Samaritano, no Rio.
Oscar Niemeyer, principal nome da arquitetura no Brasil, morreu às 21h55 desta quarta-feira (5), aos 104 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado no Hospital Samaritano, em Botafogo desde 2 de novembro. Inicialmente vítima de desidratação, o arquiteto também teve problemas nos rins e era submetido a hemodiálise, além de fisioterapia respiratória.
Na manhã desta quarta, Niemeyer sofreu uma parada cardíaca e sua respiração passou a ser mantida por aparelhos. A família do arquiteto ainda não se manifestou. O arquiteto completaria 105 anos no próximo dia 15. Niemeyer estava ao lado da mulher, Vera Lúcia, 67, e de sobrinhos e netos no momento da morte. Cerca de dez pessoas o acompanhavam em seu quarto.
Relembre as obras de Oscar Niemeyer
Acompanhe a repercussão da morte de Niemeyer nas redes sociais
A presidente Dilma Rousseff divulgou nota nesta quarta-feira (5) na qual lamenta a morte do arquiteto. "O Brasil perdeu hoje um dos seus gênios. É dia de chorar sua morte. É dia de saudar sua vida", escreveu a presidente da República. "Oscar Niemeyer foi o maior arquiteto do Brasil. Um gênio da arquitetura mundial. Doce no trato, firme nas suas convicções e amado pelo povo brasileiro", declarou Sérgio Cabral, governador do Rio em nota.
Em outubro, ele havia ficado duas semanas no hospital também por causa de uma desidratação. Em maio, o teve pneumonia e chegou a ficar internado na UTI. Recebeu alta depois de 16 dias. Em abril de 2011, foi submetido a cirurgias para a retirada da vesícula e de um tumor no intestino. Na ocasião, ele ficou internado por 12 dias por causa de uma infecção urinária.
Niemeyer deixa a mulher, Vera Lúcia, 67, com quem se casou em 2006. Deixa ainda quatro trinetos, 13 bisnetos e quatro netos, filhos de Anna Maria --sua única filha, morta em junho deste ano aos 82--, fruto de seu casamento com Anita Baldo, de quem ficou viúvo em 2004.
Biografia
Oscar Niemeyer nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1907, mesmo ano em que a cidade recebeu o sistema de luz elétrica. Em 1928, ele se casa com Annita Baldo, filha de imigrantes italianos, com quem ficou casado por 76 anos, até o falecimento dela em 2004. A filha do casal, a designer e marchand Anna Maria Niemeyer, faleceu em junho deste ano, aos 82 anos. Desde 2006, quando tinha 98 anos, o arquiteto é casado com a sua secretária Vera Lúcia Cabreira.
Um ano depois de se casar pela primeira vez (1929), Niemeyer passa a integrar a Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, que, dois anos mais tarde, começou a ser dirigida pelo arquiteto Lúcio Costa. Em 1932, ele passa a atuar profissionalmente no escritório de Costa. Os dois participariam juntos, nos anos 1950, do planejamento da nova capital federal, Brasília, a convite do então presidente da República Juscelino Kubitschek.
Dentre as obras mais célebres assinadas pelo arquiteto carioca estão a sede do Ministério da Educação e Saúde, o antigo MES (1936), quando a capital federal ainda era o Rio de Janeiro, a Igreja da Pampulha (Belo Horizonte 1940), a sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque (1947), o Edifício Copan (São Paulo 1951), o Palácio do Planalto (Brasília 1958), a sede do Partido Comunista Francês (Paris 1964), o Sambódromo da Marquês de Sapucaí (Rio de Janeiro 1984) e o Museu de Arte Contemporânea (Niterói RJ 1996).
Em 1945, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e sempre deixou claro seu alinhamento com o pensamento de Karl Marx. No ano de 1956, idealiza o cenário da peça teatral Orfeu da Conceição, de autoria de Vinícius de Moraes.
Durante a Ditadura Militar, morou em Paris, onde chegou a montar um escritório em 1972. Ao longo de sua vida, recebeu diversas condecorações em reconhecimento pelo seu trabalho, como o Prêmio Imperial da Associação de Arte do Japão (2004).
Carioca
Nascido no bairro de Laranjeiras, no Rio, Oscar Niemeyer se formou em arquitetura e engenharia na Escola Nacional de Belas Artes em 1934. Em seguida, trabalhou no escritório dos arquitetos Lúcio Costa e Carlos Leão, onde integrou a equipe do projeto do Ministério da Educação e Saúde.
Por indicação de Juscelino Kubitschek (1902-1976), então prefeito de Belo Horizonte, Niemeyer projetou, no início dos anos 1940, o Conjunto da Pampulha, que se tornaria uma de suas obras brasileiras mais conhecidas.
Em 1945, o arquiteto ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB), entrando em contato com Luiz Carlos Prestes e outros políticos. Ao longo das décadas, travou amizades com diversos líderes socialistas ao redor do planeta, viajando constantemente à União Soviética --conjunto de países comunistas liderado pela Rússia-- e a Cuba.
Em 1947, Niemeyer fez parte da comissão de arquitetos que definiria o projeto da sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York. A proposta elaborada por Niemeyer com o franco-suíço Le Corbusier serviu de base para a construção do prédio, inaugurado em 1952.Durante os anos 50, projetou obras como o edifício Copan e o parque Ibirapuera, ambos em São Paulo, além de comandar o Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Novacap, responsável pela construção de Brasília.
Ao lado de Lúcio Costa, ajudou a dar forma à nova capital, concebendo edifícios como o Palácio da Alvorada e o Congresso Nacional. Inaugurada em abril de 1960, Brasília transformou a paisagem natural do Brasil central em um dos marcos da arquitetura moderna.
Impedido de trabalhar no Brasil pela ditadura militar, Niemeyer se mudou em 1966 para Paris, onde abriu um escritório de arquitetura. Projetou a sede do Partido Comunista Francês, fez o Centro Cultural Le Havre, atualmente Le Volcan, realizou obras na Argélia, na Itália e em Portugal.
Após a anistia, retornou ao Brasil, no início dos anos 1980. No Rio, projetou os CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública, apelidados de "brizolões") e o Sambódromo, durante o primeiro governo de Leonel Brizola no Estado (1983-1987).Em 1988, Niemeyer se tornou o primeiro brasileiro vencedor do prêmio Pritzker --o Oscar da arquitetura. Depois dele, Paulo Mendes da Rocha recebeu a honraria, em 2006. Ainda em 1988, Niemeyer elaborou o projeto do Memorial da América Latina, em São Paulo.
Nos anos 1990 e 2000, a produção de Niemeyer continou em alta, com a inauguração do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ), o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, e o Auditório Ibirapuera, dentro do parque, em São Paulo.
Em 2003, exibiu sua versão de um pavilhão de exposições na tradicional galeria londrina Serpentine --que todo ano constrói um anexo temporário.Em 2007, projetou o Centro Cultural de Avilés, sua primeira obra na Espanha, construída durante três anos ao custo de R$ 100 milhões. Inaugurado em março de 2011, o Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer foi fechado após nove meses, em meio ao agravamento da crise econômica, desentendimentos entre o governo local e a administração do complexo no dia do aniversário de 104 anos de Niemeyer. Em meados de 2012, no entando, o centro foi reaberto.
Mais de 60 anos após a realização do Conjunto da Pampulha, o arquiteto voltou a assinar um projeto de grande porte em Minas Gerais em 2010, com a inauguração da Cidade Administrativa do governo do Estado, na Grande Belo Horizonte.Atualmente, em Santos, está em execução o projeto de Niemeyer para o museu Pelé. A previsão é que a obra seja concluída em dezembro de 2012.
Oscar Niemeyer
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