Advogado, jornalista, radialista, professor e escritor, João Féder morreu na manhã de ontem aos 83 anos, após marcar de forma indelével a história do jornalismo no Paraná. Natural de Campo Largo, ele foi o criador do jornal Tribuna do Paraná, em 17 de outubro de 1956.
Féder era diretor do jornal O Estado do Paraná quando recebeu a missão de criar um jornal vespertino voltado para os trabalhadores de Curitiba e região. Ele costumava dizer que "nas páginas da Tribuna, mais vale um sapo morto na Praça Tiradentes que um soldado derrubado na Guerra da Coreia", definindo assim o DNA do jornal, com foco no noticiário local.
Depois que a Tribuna cresceu e apareceu, João Féder foi se dedicar a outra paixão da sua vida, o Direito. Formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), se tornou conselheiro do Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR) por 33 anos. Chegou à presidência do órgão em 1969, 1980 e 1981. Como jurista, recebeu diversas condecorações, títulos e diplomas como a Comenda e Medalha Ercílio Domingues (TCE-RS), Colar do Mérito José Maria Alkmin (TCE-MG) e a Medalha Comemorativa do Centenário de Nascimento de Rui Barbosa (Ministério da Cultura e Fundação Casa de Rui Barbosa).
Paralelamente, se dedicou ao ensino como professor do curso de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), na cadeira de "Radiojornalismo", além de ensinar "Ética e Legislação de Imprensa" no curso de Comunicação Social da UFPR por mais de 30 anos, onde foi paraninfo, patrono e nome de turma de inúmeras formaturas.
Aposentado, o inquieto João Féder retornou as atividades de origem e voltou a dedilhar artigos em O Estado do Paraná. Chegava à antiga sede do jornal nas Mercês com um Camaro branco. Mesmo com o carrão e o terno impecável, era homem de hábitos simples, sempre sorridente. Quando alguém perguntava a ele "firme, Seu João?", ele logo respondia: "Firme como palanque no banhado!". Féder escreveu os artigos até junho de 2007, quando encerrou de vez sua atuação no jornalismo.
Reconhecimento
O prefeito de Curitiba Gustavo Fruet, e a prefeita em exercício, Mirian Gonçalves, lamentaram ontem a morte do jornalista. De Nova York, onde participa de um seminário sobre soluções urbanas, Fruet lembrou a trajetória de Féder no jornalismo. "Ele fez história ao criar um jornal com forte identidade local, que se transformou num sucesso editorial, mostrando o acerto da visão de João Féder", disse Fruet.
Mirian Gonçalves destacou também o trabalho de João Féder como professor. "Na redação e na sala de aula, ao longo de décadas ele compartilhou seu conhecimento de forma generosa e cordial, contribuindo para formar várias gerações de jornalistas", lembrou.
O corpo de Féder foi velado e sepultado no Cemitério Parque Iguaçu.
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