O professor Carlos Roberto Antunes dos Santos, reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) na gestão de 1998 a 2002, morreu aos 68 anos, na madrugada de ontem. Segundo familiares, o professor sofreu uma parada cardíaca após se submeter a uma pequena cirurgia para a troca da prótese que tinha no quadril. Deixa viúva e três filhos. A Reitoria da UFPR decretou luto de três dias.
A universidade era a grande paixão de Antunes, segundo sua esposa, Roseli Rocha dos Santos, que também é professora aposentada da UFPR e da UniBrasil. "Ele era muito mais apaixonado pela universidade do que pela mulher dele. Estava cheio de planos, bancas marcadas e projetos, artigos e livros iniciados. Ele tinha muitos grupos de amigos e na família era o nosso centro", diz.
Mesmo aposentado, atuava como pesquisador e professor do programa de pós-graduação em História da universidade. O atual reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, lembra que Antunes administrava a UFPR quando o prédio histórico foi escolhido símbolo de Curitiba. "Foi por influência do professor Antunes que a educação passou a ser símbolo da capital dos paranaenses", disse.
O vice-reitor da universidade, Rogério Andrade Mulinari, comentou que Antunes foi um homem reconhecido pela cordialidade, atuando de forma afável e tranquila mesmo em tempos de crise. "Ele deixou um legado como homem público voltado à ciência e tecnologia e a percepção de que a sociedade só pode avançar com educação."
Histórico
O ex-reitor nasceu em Porto Alegre. Formou-se em História e também fez mestrado na UFPR, seguindo depois para o doutorado e pós-doutorado na França. Foi professor titular do Departamento de História da Federal, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), secretário de Educação Superior (Sesu) do Ministério da Educação e membro do Conselho Nacional de Educação e do Conselho Superior da Capes. Recebeu também, em 2002, o 16.º Prêmio Paranaense de Ciência e Tecnologia. O ex-reitor deixou uma vasta produção científica e foi em sua gestão na Reitoria que a UFPR criou os primeiros cursos de educação a distância e entrou na internet.
Serviço
Às 11h30 de hoje está marcado um ato ecumênico no saguão do prédio histórico da UFPR, seguido da cremação, em cerimônia reservada para a família.
Leia depoimentos de colegas e amigos sobre Carlos Antunes
"Eu e Carlos nos tornamos amigos a partir de 1990, ele pró-reitor de Pesquisa e eu de planejamento. Nós fomos adversários políticos em 1993, mas continuamos amigos. Entre as coisas que nos ligavam estava o sofrimento com o Atlético Paranaense. Comentávamos e assistíamos juntos aos jogos e ele chegou a montar comigo uma chapa para o conselho deliberativo do clube. Outra coisa em comum era nosso gosto pessoal por bons vinhos."
José Henrique de Farias, ex-reitor e professor da pós-graduação em Administração da UFPR.
"Ele fez a diferença no departamento de História. A garra era a marca dele e a crença de que podíamos ter mudanças que favoreceriam o curso e a universidade. Foi meu professor e depois meu colega, mas nossa convivência de muitos anos foi de aprendizagem sempre. Carlos deixou um exemplo de valor inestimável e é enorme o vazio que estamos sentindo."
Roseli Terezinha Boschilia, chefe do Departamento de História da UFPR.
"Antunes era muito amigo meu há mais de 40 anos. Ele foi uma pessoa extremamente importante para o movimento dos professores e para a redemocratização do país. Trabalhei com ele quando fui pró-reitor e como reitor o que mais se destacava nele era o respeito pela diferença. Uma boa lembrança que tenho é a presença dele em uma mesa com boa comida e bom vinho, discutindo problemas da cidade e do país sempre de forma lúcida."
Fabio Scatolin, professor de Economia e secretário de Planejamento da Prefeitura de Curitiba.
"Fizemos juntos a graduação de História e o doutorado e Antunes sempre se mostrou uma liderança política dentro do curso e se destacou também como notável pesquisador. Fomos juntos professores concursados do ensino médio, trabalhando voluntariamente para adquirir experiência e até o meu casamento e o dele aconteceram no mesmo dia. O meu na hora do almoço e o dele à noite, no dia 5 de julho. Temos esse caminho juntos que termina agora, com o falecimento."
Sérgio Odilon Nadalin, professor aposentado do departamento de História da UFPR.