"Crime não é insolúvel"
O delegado de Homicídios da 10ª Subdivisão da Polícia Militar, Ernandez Alves, disse acreditar que o homicídio de Amanda Rossi não é insolúvel. Alves evitou dar detalhes sobre a investigação e alegou que corre em sigilo de Justiça. Apesar do silêncio da polícia nos últimos meses, Alves afirmou que a investigação continua, mas não há prazo para ser concluída. Quando o delegado Joaquim de Mello presidia a investigação, ele afirmou ter esgotado os depoimentos, ouvindo mais de cem pessoas. "A gente vai cada vez mais se aprofundando e delimitando as características do crime", argumentou Alves.
O delegado disse que tem "diversas informações" sobre o caso, mas não respondeu se o rapaz que havia sido preso ainda é investigado. Ele também não respondeu como a investigação está sendo realizada. "Não posso comentar nada, para evitar revelar qualquer detalhe do crime."
Hoje não haverá manifestações
A família de Amanda Rossi não vai realizar manifestações hoje, quando completa um ano de sua morte. O pedido foi feito pela irmã, Isadora Rossi, que faz aniversário amanhã, e pediu ao pai que a família fique reunida nesta segunda-feira. Pedido aceito, Luiz Rossi disse que apenas irá participar de uma missa. Os colegas de classe da estudante também organizaram algumas atividades para marcar a data. Uma delas é a celebração de uma missa na Igreja Católica do Jardim Piza.
Em nota distribuída à imprensa, a reitora da Universidade Norte do Paraná (Unopar), Elisabeth Laffranchi, disse que "mantém o compromisso da instituição com a verdade e que aguarda o posicionamento da Justiça, esperando que os responsáveis sejam punidos com todo o rigor da lei, independentemente de quem estiver envolvido".
Londrina - Exatamente um ano depois, o assassinato da estudante Amanda Rossi, 22 anos, ainda desafia a polícia de Londrina. Ela foi morta durante um festival no câmpus da Universidade Norte do Paraná (Unopar), dentro da sala de máquinas das piscinas. O corpo foi encontrado dois dias depois por um funcionário da instituição. O festival, organizado pelo Departamento de Educação Física, reuniu cerca de 300 pessoas. Amanda foi jogada contra os equipamentos e teve um ferimento na cabeça, mas o laudo do Instituto Médico Legal (IML) determinou que a morte foi causada por estrangulamento. Até hoje essas são as únicas informações confirmadas sobre o assassinato.
O ex-delegado de Homicídios Joaquim de Mello chegou a afirmar para a imprensa que a jovem teria sido morta por uma mulher enciumada. "A Amanda circulava num meio onde havia homossexuais. A pessoa chamou (Amanda) para conversar, acabou virando discussão e, no desespero, acabou matando", disse ele na época. A casa de máquinas era conhecida por estudantes como local de encontros amorosos.
O momento mais marcante da investigação ocorreu no fim do ano passado, quando policiais civis prenderam em São Carlos (SP) um rapaz suspeito de participação no crime. Dois meses depois ele foi solto por falta de provas e a dúvida permanece. O rapaz chegou até mesmo a confessar o crime por carta, mas nenhuma evidência de sua história foi localizada.
Nesses 12 meses, a família viveu vários momentos em que o pesadelo da espera parecia ter chegado ao fim. A esperança reacendia quando havia algum tipo de movimentação da polícia, mas logo se apagava pela falta de prova ou confirmação.
À frente de manifestações e atos para lembrar a morte da filha, o comerciante Luiz Rossi até hoje se prende a qualquer fiapo de informação. Por diversas vezes ele declarou que havia recebido informações que a investigação estava no fim. "Acho que ainda vai aparecer quem matou a minha filha. Eu não descanso e não vou sair de cima enquanto não resolver."
Enquanto aguarda a solução do crime, ele, a mulher e a filha mais nova tentam se recompor do trauma gerado há um ano. A casa ainda guarda marcas da presença de Amanda com fotos e pequenas lembranças. Entre elas, a jaqueta de Educação Física da Unopar, que a filha mais gostava.
A irmã mais nova, Isadora, prepara-se para o vestibular, enquanto Luiz Rossi mantém a rotina de trabalho. Mais fragilizada permanece a mãe, Maria Francisca Rossi, que sofreu uma grave depressão e evita o contato com a imprensa. "A gente vai vivendo, montando os cacos e tentando entender e preencher esse buraco que ficou no coração."
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