No sábado de manhã, a empresária Andréa Nemes, 42 anos, encontrou no terreno do escritório, no Jardim Los Angeles, em Curitiba, onde trabalha e cria 25 gatos, cinco animais mortos e um passando mal, que está internado numa clínica veterinária. A necropsia dos estômagos dos animais, comprovou que todos foram envenenados por chumbinho. Mesmo sendo proibida por lei, a substância é facilmente adquirida e utilizada para envenenar animais – normalmente é usada como raticida.

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Há dois anos, Andréa recolhe gatos e cães de rua. Só com os felinos, ela gasta R$ 3 mil por mês com alimentação, remédios e vacinas. Todos são castrados. "Foi uma agressão muito grande", afirma a empresária, que prefere não indicar suspeitos.

Com o laudo da necropsia dos animais, Andréa registrou boletim de ocorrência – de acordo com a Lei de Crimes Ambientais (9.605/98), maus-tratos a animais podem gerar condenação de três meses a um ano de prisão.

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Segundo o médico veterinário que atendeu os gatos, Leonardo Nápoli, o chumbo estava misturado a frango. "São comuns esses casos. Quem comete ou são pessoas que se sentem incomodadas pelos animais ou ladrões que envenenam cães de guarda para roubar residências", informa.

Uma noção da incidência de casos está nas duas clínicas em que Nápoli trabalha. Em uma delas, em Araucária, região metropolitana, a média é de dez animais envenenados por mês. Já na do Batel, a freqüência cai. Mesmo assim, a clínica não deixa de atender ao menos um caso por mês.

A presidente da ONG Movimento SOS Bicho, Rosana Vicente Gnipper, ressalta que geralmente em casos como esse o autor é conhecido do proprietário do animal. "Geralmente, é o vizinho que se sente incomodado."

O ideal, indica, é que se encaminhe o corpo do animal a uma clínica veterinária para necropsia. "Com a confirmação do envenenamento, a pessoa pode dar queixa. Mas o ideal é que também haja testemunhas", indica.

Em Almirante Tamandaré, na região metropolitana, um homem foi condenado por envenenar o cão do vizinho. Hoje, ele cumpre pena domiciliar. A decisão de se levar o caso adiante, segundo Rosana, é rara. "As pessoas acham que não vai dar em nada", alega.

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